São Paulo, Domingo, 18 de Julho de 1999
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OUTROS PAÍSES
Afeganistão e Sudão são casos distintos

da Redação

O Afeganistão e o Sudão, atacados no ano passado pelos EUA sob acusação de fomentar terrorismo, apresentam formas distintas de fundamentalismo.
O Taleban, grupo que controla nove décimos do Afeganistão, não surgiu do descontentamento popular: é produto de uma guerra civil com o apoio estrangeiro.
Os afegãos, após a retirada soviética em 1989, viveram com um regime apoiado por Moscou que não conseguiu segurar o fracionamento do país em suas diversidade: a minoria xiita brigava com a maioria sunita, que combatia rebeldes uzbeques.
Esse cenário de desintegração permitiu que o Paquistão, vizinho com apetites geopolíticos grandes na região, fomentasse pequenas comunidades de estudantes sunitas perto da fronteira afegã.
Eram os talebans (literalmente, estudiosos do Alcorão, o livro sagrado do islamismo). Com o apoio paquistanês, se armaram em 1994 e entraram na guerra pelo poder. Ganharam em 96.
Segundo observadores, o Taleban não é exatamente uma força popular. Instaurou um regime de terror com a aplicação distorcida e extremada da lei islâmica. Mulheres perderam todos os direitos civis -não têm nem sequer atendimento médico público.
No imaginário ocidental, é um Irã piorado. A comparação é incorreta, embora em ambos os países haja a aplicação de execuções e amputações para supostos criminosos. O Irã, na realidade, apóia as forças anti-Taleban.
No Sudão, país que viveu golpes militares sucessivos desde a independência, em 1955, a lei islâmica é prática de Estado desde 1983.
Inicialmente, havia tolerância para os não-muçulmanos (30% dos 31 milhões de habitantes são cristãos ou animistas). Agora há recrudescimento na imposição porque os cristão são a principal força contra o regime. (IG)


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