São Paulo, Domingo, 18 de Julho de 1999
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ARGÉLIA
Processo de paz isola extremistas do GIA

da Redação

O fundamentalismo islâmico mostrou suas garras como alternativa de poder na Argélia, mas a repressão sofrida com a reação da elite detentora do poder e a radicalização de posições o levaram para um impasse.
Apesar de alguns avanços, os quase 30 anos de governo da Frente de Libertação Nacional após a independência da Argélia em 1962 não levaram à solução do grande déficit social do país -hoje o 109º no ranking de desenvolvimento da ONU (que tem 174 países).
Com isso, e com a fossilização da classe dominante amparada pelos militares, surgiu terreno fértil para o fundamentalismo. Em 1991, nas eleições de dezembro, a FIS (Frente Islâmica de Salvação) ganhou de forma esmagadora.
O establishment não gostou e simplesmente anulou o pleito, banindo a FIS à ilegalidade. Daí surgiram ramos mais extremistas, como o GIA (Grupo Islâmico Armado), e um confronto que matou quase 100 mil pessoas.
Tanto o GIA como paramilitares pró-governo massacraram inocentes. Os islâmicos exportaram seu terror também para o outro lado do Mediterrâneo (no caso, a ex-colonizadora França).
Só em 96 o Ocidente abriu os olhos e passou a pressionar por mudanças. O novo presidente, Abdelaziz Bouteflika, eleito em abril, prometeu pacificar o país e começou a soltar prisioneiros políticos -cerca de 5.000, mas não os líderes.
Por sua vez, a FIS rompeu com o GIA e quer se mostrar como alternativa viável de poder. Isso os militares que comandam de fato o país não querem -logo, ambas as facções permanecem banidas.
Com isso, sem perspectiva de real participação no poder, os fundamentalistas moderados podem ser empurrados à violência novamente. E os extremados devem permanecer nela. (IG)


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