UOL


São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2003

Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

Ações dificultam retomada de exportações de petróleo; abastecimento de água para Bagdá é cortado

Sabotagem e violência se alastram no Iraque

Zohra Bensemra/Reuters
Crianças iraquianas brincam em água que vazou de aqueduto danificado por ataque em Bagdá


DA REDAÇÃO

Uma nova onda de violência e de ações sabotadoras se abateu sobre o Iraque no fim de semana. Uma explosão, no norte, atingiu pela segunda vez um oleoduto crucial para as exportações. O principal duto que transporta água para Bagdá foi destruído.
Também na capital, seis iraquianos foram mortos num atentado contra uma prisão. Quando gravava cenas nas cercanias do presídio, um câmera da agência Reuters foi baleado e morreu.
Além disso, um soldado dinamarquês foi morto em Basra (sul). A baixa foi a primeira de um militar não-americano ou não-britânico desde a invasão que derrubou o regime do ditador Saddam Hussein, em abril.
Dois dias depois de ser atingido por sabotadores, o oleoduto que leva petróleo iraquiano à Turquia estava novamente em chamas no domingo. Os dois incêndios ocorreram em locais próximos, a 200 quilômetros a nordeste de Bagdá.
O primeiro ataque (sexta) deu-se apenas dois dias depois que as exportações de petróleo para a Turquia haviam sido retomadas. O porta-voz militar Guy Schields disse que o conserto do duto irá demorar em torno de dez dias.
Ahmed Ibrahm, o novo comandante da polícia iraquiana, prometeu perseguir "um grupo de conspiradores que receberam dinheiro de um partido particular" para destruir o oleoduto.
Um novo grupo de resistência armada, autodenominado Movimento Nacional-Islâmico Iraquiano de Resistência, afirmou, num vídeo divulgado pela TV do Qatar Al Jazira, que irá combater as tropas que ocupam o país mesmo se a coalizão ajudar o Iraque a recuperar-se da guerra.
O administrador americano no Iraque, Paul Bremer, disse ontem que a instável economia do país estava perdendo US$ 7 milhões por dia com o ataque ao oleoduto.

Falta de água
Também devido a uma explosão, ao norte da capital, abriu-se uma fenda no principal duto de água que serve Bagdá. Diversas ruas da cidade ficaram inundadas, e engenheiros foram obrigados a interromper o abastecimento de água na cidade.
Testemunhas disseram que viram dois homens numa motocicleta deixarem uma sacola de explosivos e os detonarem minutos depois. "Tivemos que interromper o bombeamento de água para toda a cidade para podermos reparar o estrago", afirmou Majid Noufel, engenheiro da companhia de água de Bagdá.
"Não podia encontrar água para lavar roupa", lamentava Amira Ali, 46. "Nos próximos dias realmente vamos sofrer."
Militares norte-americanos informaram que, em outra ação violenta, seis iraquianos morreram e outros 59 foram feridos depois que morteiros atingiram uma prisão administrada pelos EUA no subúrbio de Bagdá, na noite de sábado. Não está claro quem está por trás do ataque.

Doações
Bremer abriu ontem a primeira reunião do Conselho Iraquiano para Coordenação Internacional (CIC, na sigla em inglês), que lidará com as doações globais para a reconstrução do país. Segundo o administrador americano, o grupo vai apresentar uma lista de projetos prioritários para receberem recursos.
Para o coordenador do CIC, o ex-vice-primeiro-ministro polonês Marek Belka, as receitas com o petróleo não bastam para reerguer a economia do Iraque: "As demandas por reconstrução são imensas, muito maiores do que pode ser coberto pela renda das exportações petrolíferas. O déficit de financiamento é largo."
Uma conferência para tratar das doações está marcada para os dias 23 e 24 de outubro, em Madri (Espanha). Cinquenta países devem comparecer ao encontro.

Com agências internacionais

Próximo Texto: Soldado atirou em câmera, diz testemunha
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.