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São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2003

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Resistência faz parte da luta por posse do petróleo

JUSTIN HUGGLER
DO "INDEPENDENT"

A ocupação liderada pelos americanos vai bastante mal diante de nossos olhos. Soldados dos EUA estão morrendo diariamente em ataques e há anarquia nas ruas. Hoje, como ontem, americanos parecem estar encarando um tudo ou nada em outro front -em seus esforços para reconstruir a infra-estrutura do Iraque.
Essa ocupação supostamente deveria se pagar. Tudo o que os americanos teriam de fazer seria garantir que as reservas de petróleo fluíssem para fora do país.
O custo da ocupação, sendo quase todo bancado pelos contribuintes americanos, está fora de controle. O Pentágono, de modo conservador, estima esse custo em US$ 5 bilhões ao mês. Outros analistas colocaram-no em US$ 600 bilhões, ao longo de dez anos.
"A explosão do oleoduto Kirkuk custa à população iraquiana US$ 7 milhões por dia", disse o administrador americano, Paul Bremer. Mas não é apenas aos iraquianos que ele custa. Se os americanos estão aqui, têm de arcar com o custo de gerir o Iraque.
Os americanos, além disso, estão encarando oposição maciça dos iraquianos, revoltados por constantes cortes de energia e carência severa de combustíveis. Agora eles podem acrescentar a isso a falta d'água, no meio de agosto, quando as temperaturas, durante o dia, chegam a 40 C.
Quando o primeiro incêndio no oleoduto, que começou na sexta-feira, estava sendo controlado, na virada da noite, outro começou a poucas milhas dali. O primeiro poderia ter sido uma falta de sorte; dois soam mais a sabotagem. O duto é a principal rota de exportação para o petróleo que sai dos campos ao norte do país.
Num ataque separado, testemunhas viram dois homens numa motocicleta deixar algo sobre um aqueduto minutos antes de uma explosão no local, ontem.
Isoladamente, a explosão do aqueduto poderia ter sido uma bomba que tinha um destino diferente, como um comboio americano, mas que errou o alvo.
Só que, quando os eventos são vistos em conjunto, parece que grupos de resistência iraquianos começaram a alvejar a infra-estrutura do país.
Um motivo para a sabotagem do oleoduto é simples. Iraquianos comuns acreditam que os americanos estão aqui para roubar o seu petróleo enquanto a população encara restrições na oferta de combustível internamente. Para eles, atacar o oleoduto é atacar os esforços americanos para levar o petróleo para fora do Iraque.


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