São Paulo, terça, 18 de agosto de 1998

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VERSÃO PRESIDENCIAL
Clinton depõe e, segundo a TV NBC, fala em relacionamento sexual com Lewinsky, mas nega falso testemunho
Clinton admite 'relação imprópria'

Associated Press
Homem olha TV, em Nova York, antes do depoimento de Bill Clinton


ALESSANDRA BLANCO
de Nova York

O presidente dos EUA, Bill Clinton, admitiu ontem que manteve "relações impróprias" com a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky, segundo fontes citadas pela rede de TV norte-americana NBC.
A rede CNN disse logo após o depoimento que Clinton pediria desculpas em um pronunciamento à nação, marcado para as 22h de ontem (23h, horário de Brasília).
Ele depôs por 5 horas e 26 minutos perante o júri de inquérito.
O depoimento, que começou às 12h59 (13h59 em Brasília), é histórico. É a primeira vez que um presidente dos EUA, durante o mandato, depõe perante um júri de inquérito sobre um caso criminal em que é o acusado.
O promotor independente Kenneth Starr, que investiga o caso, chegou à Casa Branca às 12h30 e deixou o local às 18h38, sem fazer nenhum comentário.
Clinton respondeu a questões de Starr e seus assessores na Sala dos Mapas da Casa Branca. O testemunho foi transmitido ao vivo para os 23 jurados na Corte de Justiça dos EUA, a dez quarteirões da Casa Branca.
Por exigência de Starr, os jurados puderam ver apenas o rosto de Clinton, para não serem influenciados por qualquer tipo de movimento do presidente.
Starr perguntou se o presidente teve um relacionamento sexual com Lewinsky, se mentiu à Justiça sobre esse relacionamento e como os dois discutiram o assunto quando Lewinsky foi convocada a depor no caso Paula Jones, a funcionária pública que acusou Clinton de assédio sexual.
Clinton teria negado que mentiu no depoimento realizado em janeiro, no caso Paula Jones. O presidente argumentaria que "relação imprópria" se resumiria a sexo oral e "sexo por telefone".
Clinton sustentaria não ter mantido relações sexuais com Lewinsky, baseado na definição de relação sexual usada no caso Paula Jones, pois não teria ocorrido "relações completas" (penetração).

Pronunciamento
O advogado do presidente, David Kendall, fez um pequeno pronunciamento à imprensa logo após o fim do depoimento. Segundo Kendall, Clinton respondeu "verdadeiramente" a perguntas sobre seu relacionamento com Lewinsky e sobre as respostas dadas quando foi ouvido no caso Paula Jones, em janeiro deste ano.
Ainda de acordo com Kendall, o presidente espera, com o depoimento de ontem, encerrar uma investigação que já dura quatro anos, consumiu mais de US$ 40 milhões e passou a apurar também fatos de sua vida pessoal.
Kendall não deu detalhes sobre o depoimento, dizendo que Clinton falaria diretamente aos norte-americanos. Anteontem, assessores do presidente afirmaram que ele deveria dizer que teve "relações físicas impróprias" com Lewinsky.



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