São Paulo, terça, 18 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OPINIÃO DE ANALISTAS
Congressistas só voltam ao trabalho em setembro; eventual desânimo de Hillary poderá ser decisivo
Férias "esfriam' debate sobre impeachment

de Nova York

As consequências políticas do testemunho do presidente Bill Clinton sobre o caso Lewinsky só devem ser conhecidas no final de novembro.
Diversos congressistas foram à TV ontem falar que tudo dependerá não apenas de o que o presidente falou, mas como falou. "Se eu concluir que o presidente dos EUA mentiu perante a Corte em um processo judicial, seria muito difícil se não votasse recomendando o impeachment", disse o senador republicano Bill McCollum.
"Eu acho que o Congresso deve fazer o que é considerado melhor para o interesse do povo americano. Isso pode ser o impeachment ou não. Eu, pessoalmente, acredito que não será se ele for acessível, honesto, falando diretamente com o povo americano e pedindo perdão", disse o presidente do Comitê Judiciário do Senado, o republicano Orrin Hatch.
No entanto, uma discussão mais séria sobre impeachment só deverá ocorrer após as eleições para o Congresso norte-americano. Isso porque, logo após o depoimento de ontem, Clinton planejava sair em férias com sua família. A maioria dos membros do Congresso também já está em férias, só retornando em setembro.
Após o recesso, o Congresso começa a se preparar para as eleições de novembro. Como Kenneth Starr só deverá entregar seu relatório final sobre o caso Lewinsky ao Congresso daqui a um mês, uma discussão sobre impeachment pode ficar para depois das eleições.
Enquanto isso, segundo o professor de ciência política da Universidade de Columbia, Robert Shapiro, Clinton pode sair desse testemunho ainda mais enfraquecido perante o Congresso. Mas o escândalo sexual não deve paralisar o presidente em decisões importantes que poderão ser colocadas em breve, como a aprovação de um empréstimo para a Rússia.
"A crise na Rússia é um assunto importante. Ninguém vai tentar barrar uma decisão do presidente por causa do escândalo", disse.
Para o analista político William Schneider, qualquer que seja a decisão a ser tomada os congressistas terão de olhar os índices de aprovação do presidente por parte da população, acima de 60% em quase todas as pesquisas.
"Devemos prestar a atenção agora em Hillary Clinton. Quem elegeu Clinton e quem mantém alto seus índices de aprovação são as mulheres, e elas vão seguir o que Hillary fizer. Claro que ela continuará a apoiar o marido, mas, se demonstrar um certo abatimento, haverá um resultado nisso", disse Schneider à rede de TV CNN. (ALESSANDRA BLANCO)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.