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TERROR NA RÚSSIA
Em mensagem na internet, Shamil Basayev acusa Putin e diz que atentado do dia 3 custou US$ 9.800
Líder tchetcheno assume terror de Beslan
DA REDAÇÃO
Uma mensagem na internet assinada com o nome do terrorista
tchetcheno Shamil Basayev assume a responsabilidade pelo seqüestro em escola da cidade russa
de Beslan, em que morreram, no
dia 3 de setembro, mais de 300 reféns, entre eles muitas crianças.
O terrorista nega ter agido em
nome da Al Qaeda e diz que o presidente Vladimir Putin tem a culpa pela carnificina. "Os primeiros
tiros partiram das forças especiais", diz a mensagem.
Basayev diz que por dez dias
treinou pessoalmente, numa floresta a 20 km de Beslan, os extremistas que participaram da ação.
Havia, segundo ele, 12 tchetchenos, nove inguches, três russos,
dois árabes e cinco cidadãos russos de outros grupos étnicos.
Ele propõe que Putin reconheça
a independência da Tchetchênia
em troca do abandono do terrorismo contra alvos civis.
A autenticidade da mensagem
não pode ser comprovada. No entanto, ela foi veiculada por um site
(www.kavkazcenter.com) em geral utilizado por Basayev. Ele assina com seu pseudônimo de clandestinidade, Abdallah Shamil.
Basayev assume também a responsabilidade por outros atentados, como o de agosto, num ponto de ônibus em Moscou, o ataque
suicida numa estação do metrô
moscovita na semana seguinte e a
queda dos dois aviões civis Tupolev, além do seqüestro de Beslan.
Nessa série de atos do terrorismo
islâmico, mais de 430 morreram.
Segundo o texto, o plano do comando era libertar as crianças
com menos de dez anos se a Rússia recolhesse suas forças aos
quartéis da Tchetchênia, primeiro
passo de sua retirada da região.
Negou que tenha sido financiado por Osama Bin Laden, embora
dissesse que não recusaria dinheiro dele. Afirmou que só recebeu
do exterior este ano US$ 19.700.
Disse por fim que o atentado de
Beslan custou a seu grupo US$
9.800, e que para a queda dos dois
Tupolev foram gastos US$ 7 mil.
Ataques preventivos
Sem se referir à mensagem, o
presidente da Rússia, Vladimir
Putin, afirmou ontem que os militares russos estão em treinamento
para participar de "ataques preventivos" contra bases terroristas.
Não disse se os alvos seriam na
Rússia ou no exterior.
Putin acusou o Ocidente de ingenuidade, por considerar que há
autonomistas tchetchenos radicais e moderados, estes dispostos
a negociar. Numa resposta a EUA
e União Européia, descartou qualquer tipo de negociação.
Em Varsóvia, o subsecretário de
Estado americano Richard Armitage disse que, se confirmada a
responsabilidade de Shamil Basayev pelo massacre de Beslan, o líder terrorista "não merece viver".
Na Lituânia, o primeiro-ministro Algirdas Brazauskas declarou
que o site utilizado por Basayev
"deveria ser fechado". O site é
hospedado pelo provedor Elneta,
que funciona naquele país.
Asilo político
O alto comissário da ONU para
refugiados, Ruud Lubbers, disse
ontem, em Varsóvia, que os países europeus devem se abrir a refugiados tchetchenos, diante da
impossibilidade de resolver a curto prazo a crise humanitária surgida com os conflitos na região. A
Polônia recebe hoje 40 pedidos
diários de asilo de tchetchenos.
O clima entre russos e tchetchenos tende a se deteriorar após a
decisão de uma comissão de anistia que libertou um coronel russo,
Yuri Budanov, preso por assassinar uma mulher tchetchena suspeita de ser franco-atiradora.
Boris Ieltsin
Em artigo publicado pelo semanário "Moskovskiye Novosti", o
ex-presidente Boris Ieltsin abandonou a atitude reservada dos últimos anos e criticou seu sucessor,
Vladimir Putin, pela proposta de
reforma política que centraliza o
poder do Kremlin como forma de
combater o terrorismo.
"Diminuir a democracia é que
seria uma vitória para os terroristas", disse Ieltsin, ao advertir que
"a integridade da Constituição
russa" deve ser preservada.
Com agências internacionais
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