São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

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Estado indiano quer banir a Microsoft

Após vetar Coca-Cola, governo comunista se volta contra monopólio do gigante americano de software

JO JOHNSON
DO "FINANCIAL TIMES", EM NOVA DÉLI

O governo do Estado indiano de Kerala, controlado pelos comunistas, lançou uma campanha para transformar a região, no sul do país, em área de exclusão para os produtos da Microsoft, menos de uma quinzena depois de proibir a venda e a produção dos dois refrigerantes norte-americanos mais simbólicos, a Coca-Cola e a Pepsi-Cola.
Eleita para o governo de Kerala em maio, a coalizão (marxista) liderada pelo Partido Comunista da Índia anunciou um plano trienal para combater o que define como poder monopolista do gigante norte-americana do software comandado por Bill Gates, promovendo a rápida adoção de sistemas operacionais de fonte aberta nas escolas e faculdades bancadas pelo Estado.
"Pode ser que existam alguns indivíduos em situações marginais que continuem a optar pelo uso da Microsoft, mas a maioria das pessoas deve ser libertada desse fardo", afirmou M. A. Baby, ministro estadual da Educação.
"Não proibimos o uso de produtos Microsoft, mas nos opomos a monopólios em qualquer ramo, e encorajaremos vigorosamente o uso do software de fonte aberta".

Refrigerante sob suspeita
No começo do mês, o governo de Kerala alarmou os investidores estrangeiros ao impor proibição à venda e fabricação dos refrigerantes Coca-Cola e Pepsi, depois que um grupo ambiental de Nova Déli alegou que continham nível elevado de pesticidas.
Seis outros Estados indianos também proibiram a venda de produtos de ambas as empresas.
Sob o plano de transição proposto, as crianças em 12,5 mil escolas de segundo grau do Estado aprenderão a usar o Linux em lugar do Windows, o que prejudicará as ambições da Microsoft no Estado mais avançado da Índia em termos educacionais.
O índice de alfabetização em Kerala superou os 90% em 2001, ante 55% em 1961 e diante dos 65% de média registrados na Índia como um todo.
"Kerala pode ser um Estado pequeno, mas é um mercado importante para nós, como o é para qualquer outra empresa operando na Índia", disse Rohit Kumar, gerente nacional de relações com o setor público na Microsoft India.
"Respeitamos as escolhas de nossos clientes, mas acreditamos oferecer produtos a preços bastante acessíveis para as instituições educacionais".

Escassez de verbas
Sanjiv Kataria, um consultor do setor de tecnologia da informação na Índia, disse que a promoção do software de fonte aberta em Kerala era movida tanto pela escassez de verbas quanto pela antipatia ideológica com relação à Microsoft. "O Estado não tem dinheiro, e a alternativa seria adiar a campanha por uma educação assistida por computadores".
Os executivos da Microsoft, que vem tentando combater a pirataria que grassa sem controle na Índia, disseram que no presente "não existe diferença significativa" de preços entre os produtos que o grupo vende para escolas e faculdades e o software de fonte aberta. O Windows XP Pro é vendido para instituições educacionais por preço de US$ 25 a US$ 30 por máquina, e acordo com Kumar.
A educação é um mercado vital para a Microsoft India, em um país que adotou como meta educar 200 mil professores e 10 milhões de estudantes nos próximos cinco anos.
Ravi Venkatesan, presidente do conselho da Microsoft India, diz que existe "grande oportunidade para empresários que decifrem o código sobre como obter uma pequena parcela" do montante investido em educação na Índia.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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