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Estado indiano quer banir a Microsoft
Após vetar Coca-Cola, governo comunista se volta contra monopólio do gigante americano de software
JO JOHNSON
DO "FINANCIAL TIMES", EM NOVA DÉLI
O governo do Estado indiano
de Kerala, controlado pelos comunistas, lançou uma campanha para transformar a região,
no sul do país, em área de exclusão para os produtos da Microsoft, menos de uma quinzena
depois de proibir a venda e a
produção dos dois refrigerantes norte-americanos mais
simbólicos, a Coca-Cola e a
Pepsi-Cola.
Eleita para o governo de Kerala em maio, a coalizão (marxista) liderada pelo Partido Comunista da Índia anunciou um
plano trienal para combater o
que define como poder monopolista do gigante norte-americana do software comandado
por Bill Gates, promovendo a
rápida adoção de sistemas operacionais de fonte aberta nas
escolas e faculdades bancadas
pelo Estado.
"Pode ser que existam alguns
indivíduos em situações marginais que continuem a optar pelo uso da Microsoft, mas a
maioria das pessoas deve ser libertada desse fardo", afirmou
M. A. Baby, ministro estadual
da Educação.
"Não proibimos o uso de produtos Microsoft, mas nos opomos a monopólios em qualquer
ramo, e encorajaremos vigorosamente o uso do software de
fonte aberta".
Refrigerante sob suspeita
No começo do mês, o governo de Kerala alarmou os investidores estrangeiros ao impor
proibição à venda e fabricação
dos refrigerantes Coca-Cola e
Pepsi, depois que um grupo
ambiental de Nova Déli alegou
que continham nível elevado
de pesticidas.
Seis outros Estados indianos
também proibiram a venda de
produtos de ambas as empresas.
Sob o plano de transição proposto, as crianças em 12,5 mil
escolas de segundo grau do Estado aprenderão a usar o Linux
em lugar do Windows, o que
prejudicará as ambições da Microsoft no Estado mais avançado da Índia em termos educacionais.
O índice de alfabetização em
Kerala superou os 90% em
2001, ante 55% em 1961 e diante dos 65% de média registrados na Índia como um todo.
"Kerala pode ser um Estado
pequeno, mas é um mercado
importante para nós, como o é
para qualquer outra empresa
operando na Índia", disse Rohit
Kumar, gerente nacional de relações com o setor público na
Microsoft India.
"Respeitamos as escolhas de
nossos clientes, mas acreditamos oferecer produtos a preços
bastante acessíveis para as instituições educacionais".
Escassez de verbas
Sanjiv Kataria, um consultor
do setor de tecnologia da informação na Índia, disse que a
promoção do software de fonte
aberta em Kerala era movida
tanto pela escassez de verbas
quanto pela antipatia ideológica com relação à Microsoft. "O
Estado não tem dinheiro, e a alternativa seria adiar a campanha por uma educação assistida
por computadores".
Os executivos da Microsoft,
que vem tentando combater a
pirataria que grassa sem controle na Índia, disseram que no
presente "não existe diferença
significativa" de preços entre
os produtos que o grupo vende
para escolas e faculdades e o
software de fonte aberta. O
Windows XP Pro é vendido para instituições educacionais
por preço de US$ 25 a US$ 30
por máquina, e acordo com Kumar.
A educação é um mercado vital para a Microsoft India, em
um país que adotou como meta
educar 200 mil professores e 10
milhões de estudantes nos próximos cinco anos.
Ravi Venkatesan, presidente
do conselho da Microsoft India,
diz que existe "grande oportunidade para empresários que
decifrem o código sobre como
obter uma pequena parcela" do
montante investido em educação na Índia.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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