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Israel cria comissão para apurar erros na guerra do Líbano
Decisão do premiê Olmert não satisfaz críticos, entre eles militares da reserva, que exigem investigação autônoma
Comissão enfrenta crise antes de entrar em ação, com veto a membros por
conflito de interesse; xiitas
farão "marcha da vitória"
Dominique Faget/France Presse
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Soldado francês da força da ONU no Líbano diante de imagem do líder do Hizbollah, Nasrallah |
DA REDAÇÃO
Sob pressão popular desde o
fim das hostilidades no Líbano,
o governo israelense aprovou
ontem a criação de uma comissão para investigar possíveis falhas na forma com que o país
conduziu a recente ofensiva
contra o grupo xiita Hizbollah.
Muitos israelenses, entre eles
soldados da reserva que participaram da guerra, acusam o governo e o Exército de terem
planejado mal e executado de
modo insatisfatório a ofensiva
contra o Hizbollah, que durou
34 dias e não obteve os resultados desejados.
Israel não conseguiu impedir
o lançamento de foguetes contra o seu território, resgatar os
dois soldados capturados, na
ação que deflagrou a guerra, ou
prender um dos altos chefes do
Hizbollah, protestam.
A comissão irá "examinar a
liderança política e o escalão de
segurança em todos os aspectos
da campanha no Líbano", disse
a seu gabinete o premiê israelense, Ehud Olmert. O gabinete
aprovou a criação da comissão,
que será chefiada pelo juiz aposentado Eliyahu Winograd, por
20 votos a dois.
Protesto
A decisão não satisfez os manifestantes que protestavam
ontem na entrada do escritório
do premiê em Jerusalém. Eles
exigem que a comissão seja do
Estado, apontada pela Suprema Corte. Assim, afirmam, a
equipe de investigadores teria
mais poderes e independência.
Olmert defendeu a decisão
do gabinete, afirmando que a
comissão criada por ele terá todos os poderes necessários, inclusive o de convocar testemunhas e fazer buscas policiais.
"Espero que essa comissão
termine seu trabalho o mais rapidamente possível, e que possa ajudar Israel a se preparar
melhor para os desafios que
tem adiante", disse Olmert.
Antes mesmo de começar
seu trabalho, porém, a comissão já enfrenta problemas. Dois
de seus membros foram desqualificados pelo procurador-geral por suas ligações empresariais com o Exército. Na semana passada, o ex-chefe do
Mossad (serviço secreto) Nahum Admoni, o preferido de
Olmert para chefiar a comissão, pediu para ser dispensado
por discordar das limitações de
seu mandato.
Para muitos israelenses, porém, sobretudo os militares da
reserva que têm feito protestos
quase diários desde o cessar-fogo, no dia 14 de agosto, Olmert
deveria entregar o cargo, assim
como o ministro da Defesa,
Amir Peretz, e o chefe do Estado Maior, general Dan Halutz.
Na semana passada, o general
Udi Adam, que comandou as
tropas israelenses na ofensiva
contra o Hizbollah, apresentou
sua demissão.
Marcha da vitória
O líder do Hizbollah, xeque
Hassan Nasrallah, convocou
para a próxima sexta-feira uma
grande manifestação nos subúrbios xiitas de Beirute, destruídos pela ofensiva israelense, para celebrar a "vitória" do
grupo xiita contra Israel. Nasrallah, que não é visto em público desde o início da guerra, dia
12 de julho, não disse se participará do ato.
Num gesto de apoio à missão
da ONU no Líbano, a ministra
da Defesa da França, Michel
Alliot-Marie, desembarcou ontem em Beirute, horas antes de
cerca de 900 soldados do país,
que integrarão a força internacional, seguirem da capital rumo ao sul do país.
O contingente francês é o segundo maior da força internacional, cuja missão é garantir o
cessar-fogo e evitar a entrada
de armamento no Líbano. Os
soldados franceses se juntarão
a centenas de militares italianos (os mais numerosos), espanhóis, indianos e ganeses, que
já estão na fronteira com Israel.
Com agências internacionais
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