São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

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Israel cria comissão para apurar erros na guerra do Líbano

Decisão do premiê Olmert não satisfaz críticos, entre eles militares da reserva, que exigem investigação autônoma

Comissão enfrenta crise antes de entrar em ação, com veto a membros por conflito de interesse; xiitas farão "marcha da vitória"

Dominique Faget/France Presse
Soldado francês da força da ONU no Líbano diante de imagem do líder do Hizbollah, Nasrallah


DA REDAÇÃO

Sob pressão popular desde o fim das hostilidades no Líbano, o governo israelense aprovou ontem a criação de uma comissão para investigar possíveis falhas na forma com que o país conduziu a recente ofensiva contra o grupo xiita Hizbollah. Muitos israelenses, entre eles soldados da reserva que participaram da guerra, acusam o governo e o Exército de terem planejado mal e executado de modo insatisfatório a ofensiva contra o Hizbollah, que durou 34 dias e não obteve os resultados desejados.
Israel não conseguiu impedir o lançamento de foguetes contra o seu território, resgatar os dois soldados capturados, na ação que deflagrou a guerra, ou prender um dos altos chefes do Hizbollah, protestam.
A comissão irá "examinar a liderança política e o escalão de segurança em todos os aspectos da campanha no Líbano", disse a seu gabinete o premiê israelense, Ehud Olmert. O gabinete aprovou a criação da comissão, que será chefiada pelo juiz aposentado Eliyahu Winograd, por 20 votos a dois.

Protesto
A decisão não satisfez os manifestantes que protestavam ontem na entrada do escritório do premiê em Jerusalém. Eles exigem que a comissão seja do Estado, apontada pela Suprema Corte. Assim, afirmam, a equipe de investigadores teria mais poderes e independência.
Olmert defendeu a decisão do gabinete, afirmando que a comissão criada por ele terá todos os poderes necessários, inclusive o de convocar testemunhas e fazer buscas policiais.
"Espero que essa comissão termine seu trabalho o mais rapidamente possível, e que possa ajudar Israel a se preparar melhor para os desafios que tem adiante", disse Olmert.
Antes mesmo de começar seu trabalho, porém, a comissão já enfrenta problemas. Dois de seus membros foram desqualificados pelo procurador-geral por suas ligações empresariais com o Exército. Na semana passada, o ex-chefe do Mossad (serviço secreto) Nahum Admoni, o preferido de Olmert para chefiar a comissão, pediu para ser dispensado por discordar das limitações de seu mandato.
Para muitos israelenses, porém, sobretudo os militares da reserva que têm feito protestos quase diários desde o cessar-fogo, no dia 14 de agosto, Olmert deveria entregar o cargo, assim como o ministro da Defesa, Amir Peretz, e o chefe do Estado Maior, general Dan Halutz. Na semana passada, o general Udi Adam, que comandou as tropas israelenses na ofensiva contra o Hizbollah, apresentou sua demissão.

Marcha da vitória
O líder do Hizbollah, xeque Hassan Nasrallah, convocou para a próxima sexta-feira uma grande manifestação nos subúrbios xiitas de Beirute, destruídos pela ofensiva israelense, para celebrar a "vitória" do grupo xiita contra Israel. Nasrallah, que não é visto em público desde o início da guerra, dia 12 de julho, não disse se participará do ato.
Num gesto de apoio à missão da ONU no Líbano, a ministra da Defesa da França, Michel Alliot-Marie, desembarcou ontem em Beirute, horas antes de cerca de 900 soldados do país, que integrarão a força internacional, seguirem da capital rumo ao sul do país.
O contingente francês é o segundo maior da força internacional, cuja missão é garantir o cessar-fogo e evitar a entrada de armamento no Líbano. Os soldados franceses se juntarão a centenas de militares italianos (os mais numerosos), espanhóis, indianos e ganeses, que já estão na fronteira com Israel.
Com agências internacionais


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