São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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CIA diz que país teria plutônio para até duas armas

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Relatórios recentes da agência de inteligência americana CIA (Agência Central de Inteligência) para o Congresso dos Estados Unidos concluíam que a Coréia do Norte teria produzido plutônio suficiente para "uma, possivelmente duas armas nucleares".
A Coréia do Norte tem instalações nucleares para fins supostamente pacíficos, de produção de energia. Como se trata de um Estado altamente centralizado e com obsessão por segredo, fazer a bomba é uma simples questão de decisão política.
As tecnologias fundamentais e a matéria-prima existem no país.
E hoje até alunos universitários de física conseguem projetar uma bomba -basta lembrar que a primeira bomba era tecnicamente grosseira e foi feita na Segunda Guerra Mundial, mais de meio século atrás.
Os norte-coreanos poderiam fazer a bomba da maneira mais fácil, utilizando o elemento químico plutônio-239, em vez de urânio-235 (esse número, o "número de massa", se refere às variantes mais leves ou mais pesadas de um elemento, contendo mais ou menos partículas no núcleo do átomo).
A idéia básica da energia nuclear é poder criar uma "reação em cadeia" entre núcleos de átomos de certos elementos químicos (por isso ela se chama "nuclear"). Essa energia pode ser liberada aos poucos, em um reator nuclear; ou violenta e instantaneamente, no caso da bomba.
O urânio mais comum na natureza, urânio-238, não serve para a bomba. A solução é "enriquecer" a mistura, aumentando a proporção de urânio-235.
Para fazer a bomba mais rapidamente, pode-se converter o U-238 em plutônio. Isso se faz com a ajuda de um reator nuclear.
Nêutrons emitidos pelo reator são usados para "bombardear" átomos de U-238. O átomo captura uma partícula para seu núcleo, que se transforma no instável U-239, em seguida em neptúnio-239, e por fim em plutônio-239.
Se não houver inspeção, o combustível nuclear de uma usina pode ser convertido dessa forma na matéria-prima da bomba.
A Coréia do Norte já demonstrou também ter meios de produzir os mísseis lançadores de armas nucleares. O país decretou uma moratória de testes de mísseis até 2003, mas os seus programas de desenvolvimento continuam.



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