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CIA diz que país teria plutônio para até duas armas
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Relatórios recentes da agência
de inteligência americana CIA
(Agência Central de Inteligência)
para o Congresso dos Estados
Unidos concluíam que a Coréia
do Norte teria produzido plutônio suficiente para "uma, possivelmente duas armas nucleares".
A Coréia do Norte tem instalações nucleares para fins supostamente pacíficos, de produção de
energia. Como se trata de um Estado altamente centralizado e
com obsessão por segredo, fazer a
bomba é uma simples questão de
decisão política.
As tecnologias fundamentais e a
matéria-prima existem no país.
E hoje até alunos universitários
de física conseguem projetar uma
bomba -basta lembrar que a primeira bomba era tecnicamente
grosseira e foi feita na Segunda
Guerra Mundial, mais de meio século atrás.
Os norte-coreanos poderiam fazer a bomba da maneira mais fácil, utilizando o elemento químico
plutônio-239, em vez de urânio-235 (esse número, o "número de
massa", se refere às variantes mais
leves ou mais pesadas de um elemento, contendo mais ou menos
partículas no núcleo do átomo).
A idéia básica da energia nuclear é poder criar uma "reação
em cadeia" entre núcleos de átomos de certos elementos químicos (por isso ela se chama "nuclear"). Essa energia pode ser liberada aos poucos, em um reator
nuclear; ou violenta e instantaneamente, no caso da bomba.
O urânio mais comum na natureza, urânio-238, não serve para a
bomba. A solução é "enriquecer"
a mistura, aumentando a proporção de urânio-235.
Para fazer a bomba mais rapidamente, pode-se converter o U-238
em plutônio. Isso se faz com a ajuda de um reator nuclear.
Nêutrons emitidos pelo reator
são usados para "bombardear"
átomos de U-238. O átomo captura uma partícula para seu núcleo,
que se transforma no instável U-239, em seguida em neptúnio-239, e por fim em plutônio-239.
Se não houver inspeção, o combustível nuclear de uma usina pode ser convertido dessa forma na
matéria-prima da bomba.
A Coréia do Norte já demonstrou também ter meios de produzir os mísseis lançadores de armas
nucleares. O país decretou uma
moratória de testes de mísseis até
2003, mas os seus programas de
desenvolvimento continuam.
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