São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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TERROR

"Eles se reconstituíram e estão vindo atrás de nós", afirma o diretor da agência de inteligência dos EUA ao Congresso

Al Qaeda impõe a mesma ameaça, diz CIA

DA REDAÇÃO

O diretor da CIA (serviço de inteligência dos EUA), George Tenet, declarou ontem ao Congresso norte-americano que a rede terrorista Al Qaeda se reorganizou e é hoje ameaça tão séria ao país quanto era nos meses antes dos atentados de 11 de setembro.
Em audiência com os comitês de inteligência da Câmara dos Representantes e do Senado, que investigam os ataques de 2001, Tenet disse que a CIA e o FBI (polícia federal dos EUA) não conseguem trabalhar sem falhas o tempo todo na luta contra o terror.
"O ambiente de ameaças no qual estamos hoje é tão ruim quanto era no verão passado [inverno brasileiro], no verão antes [dos atentados] de 11 de setembro", declarou o diretor da CIA. "É sério, eles se reconstituíram, eles estão vindo atrás de nós, eles querem executar ataques."
Ao citar os ataques deste mês -contra soldados americanos no Kuait e o atentado a bomba em Bali que matou mais de 180 pessoas-, Tenet declarou: "Você vê em Bali, você vê no Kuait. Eles planejam múltiplos teatros de operação, eles têm a intenção de atacar... de novo."
Depois dos ataques de 11 de setembro, que mataram cerca de 3.000 pessoas, o país lançou campanha militar no Afeganistão para destruir a rede terrorista Al Qaeda, liderada por Osama bin Laden, responsável pelos ataques.
Apesar de desorganizar parte da Al Qaeda e de fazer algumas detenções importantes, os EUA não sabem a localização de Bin Laden e de outros líderes da rede.
O diretor da CIA tentou responder às críticas de que houve lapsos por parte dos serviços de inteligência antes dos ataques, dizendo ao Congresso que faltavam às agências detalhes precisos que permitiriam prevenir os ataques, apesar de saberem que Bin Laden tramava matar americanos.
"Nos meses que precederam 11 de setembro, estávamos convencidos de que Bin Laden pretendia atacar americanos, que tinha a intenção de matar em larga escala e que o ataque poderia ser em casa, no exterior ou em ambos", disse.
Segundo Tenet, acompanhado pelo diretor-geral do FBI, Robert Mueller, relatórios de inteligência sugeriam que os alvos da extensa rede de terrorismo eram americanos, mas indicavam algum ponto mais ocidental ou em Israel.
"Entretanto, falando especificamente do plano para 11 de setembro, nunca adquirimos o nível de detalhamento que nos permitisse traduzir nossas preocupações estratégicas em algo sobre o qual pudéssemos agir", afirmou Tenet na audiência, a última em uma série de depoimentos abertos nos quais congressistas têm detalhado falhas de inteligência.
Tenet reconheceu que a CIA errou ao não colocar o nome de dois dos sequestradores dos aviões usados nos ataques em uma lista de alerta do Departamento de Estado até pouco antes dos ataques.


Com agências internacionais


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