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São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Três mortos em Karbala eram militares dos EUA, que também sofreram baixa em Bagdá; dez eram iraquianos

Confronto com xiitas resulta em 13 mortos

DA REDAÇÃO

Dez iraquianos, dois deles policiais, e três militares americanos morreram ontem em um confronto na frente do gabinete de um líder xiita na cidade sagrada de Karbala, no sul do Iraque. Outro policial americano foi morto em uma explosão em Bagdá, elevando para 101 as baixas sofridas pelos EUA em ações hostis desde que foi anunciado o fim dos principais conflitos, em 1º de maio.
O episódio em Karbala se soma a um quadro de tensões crescentes entre as forças de ocupação e os xiitas -antes tidos como o segmento mais receptivo às tropas anglo-americanas por sua condição de maioria reprimida pela ditadura de Saddam Hussein, um sunita.
O confronto, entre militantes armados que guardavam o gabinete do aiatolá Mahmud al Hassani e uma patrulha conjunta da polícia iraquiana com policiais militares dos EUA, ocorreu durante a madrugada, sob toque de recolher. Foram disparados tiros e granadas-foguetes. Mais cinco policiais iraquianos e sete americanos foram feridos.
Um auxiliar de Al Hassini afirmou que a patrulha teria aberto fogo contra os militantes "sem avisar e sem sofrer nenhum tipo de provocação", matando oito deles. Segundo Abu Ali, o clérigo deixou o gabinete pela manhã, acompanhado por sua família.
O outro policial militar americano morto ontem foi vítima de uma bomba que explodiu em Bagdá e feriu dois de seus colegas.

Reforço externo
O general Thomas Metz, comandante da 3ª Corporação do Exército, afirmou que o Pentágono poderia manter tropas no país até 2006. Mas, diante da deterioração da situação de segurança no Iraque, os EUA buscam a colaboração militar de outros países para substituir parte de seu contingente de 130 mil homens no país.
Com a aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU, anteontem, de uma resolução que autoriza a criação de uma força multilateral sob seu comando e com a chancela do organismo internacional, Washington espera persuadir aqueles que condicionaram o envio de tropas à ratificação da ONU.
Mas um dos países visados, o Paquistão, anunciou que não enviará soldados porque a nova força multinacional se assemelha muito à força de ocupação. Já o Japão disse que a resolução abre caminho para o envio de seus soldados. França, Alemanha e Rússia também não vão contribuir.
Segundo o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Roger Noriega, os EUA pretendem negociar individualmente com cada governo latino-americano. "O que trataremos com nossos vizinhos da América, por meio dos canais diplomáticos, é de que modo querem contribuir [com soldados]", declarou.
Os EUA já pediram ajuda militar ao Brasil, mas o país negou.

ONU
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, também afirmou que não enviará mais funcionários ao Iraque enquanto a situação de segurança não melhorar. Após a sede da ONU em Bagdá sofrer dois atentados com saldo de 24 mortos em agosto e setembro, Annan retirou 95% de seu quadro no país, restando menos de 30 pessoas.
A nova resolução prevê o fortalecimento do papel do organismo, embora sempre prestando auxílio, nunca comandando o processo. Paris, Moscou e Berlim exigiam que a ONU administrasse a reconstrução.


Com agências internacionais


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