São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 2006

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Coréia do Norte diz que sanções são declaração de guerra

Apesar de retórica, regime em Pyongyang não tem meios para reagir às medidas da ONU; Rice embarca para a Ásia

EUA e Rússia agora evocam a possibilidade de a ditadura comunista explodir uma segunda bomba atômica; China tenta baixar a tensão

DA REDAÇÃO

A Coréia do Norte qualificou ontem como "uma declaração de guerra" as sanções que o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou contra ela no sábado, em reação ao primeiro teste nuclear do país, realizado no último dia 9.
O regime de Pyongyang já havia usado a expressão "declaração de guerra" ao advertir na semana passada a ONU para que não votasse as sanções -que atingem suas importações de material bélico e as viagens para o exterior de funcionários envolvidos com seu programa de defesa, além de um embargo sobre suas importações de produtos de luxo.
"Declaração de guerra" é uma expressão forte no direito internacional. Significa que Pyongyang se sente no direito de reagir militarmente para garantir sua sobrevivência.
Trata-se, no entanto, de uma bravata. É irrealista a hipótese de o país atacar seus vizinhos, como a China e a Rússia -que votaram as sanções- ou a Coréia do Sul, salpicada de bases militares americanas.
A ameaça norte-coreana foi publicada pela mídia de Pyongyang, citando porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. "É faltar ao sentido comum a crença de que a Coréia do Norte poderá se deixar frear por ameaças, no momento em que ela se tornou um Estado com armas nucleares", disse.
Os Estados Unidos consideraram ontem plausível a possibilidade de um segundo teste nuclear norte-coreano. O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, disse que Washington não ficaria surpreso com outro teste, que "não seria positivo para o regime", mas "faz parte da personalidade" de Pyongyang.
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Ivanov, também disse ontem não excluir uma nova provocação nuclear dos norte-coreanos.
Em Luxemburgo, os 25 ministros do Exterior dos países da União Européia lançaram um apelo para que Pyongyang não efetue um novo teste nuclear e obedeça à moratória de testes de mísseis.
Enquanto isso, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, deixou Washington para a viagem que a levará a Tóquio, Seul e Pequim.
No Alasca, onde fez escala técnica, ela disse temer que a nuclearização da Coréia do Norte estimule outros países asiáticos a fazerem o mesmo.
No Japão, Rice será recebida pelo primeiro-ministro, Shinzo Abe, seu mais próximo aliado na questão norte-coreana.
O Departamento de Estado prevê um diálogo mais difícil com o presidente da China, Hu Jintao, a quem não interessa que as sanções apressem o colapso de uma ditadura de modelo aparentado ao chinês.
A agência japonesa Kyodo disse que, ao receber um grupo de deputados japoneses, Hu afirmou que "as coisas devem ser feitas de tal modo que não provoquem uma escalada".


Com agências internacionais


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