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Turquia aprova ação militar no Iraque
Decisão do Parlamento vale "no prazo de um ano" e visa conter separatistas curdos; Bush adverte Ancara contra incursão
Eventual operação colocaria em confronto tropas turcas e americanas, aliadas na Otan; Bagdá promete agir para controlar rebeldes
Mustafa Ozer/France Presse
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Soldado turco acompanha crianças perto da fronteira com Iraque; tensão na divisa cresce, e EUA tentam conter ânimos de Ancara
DA REDAÇÃO
O Parlamento turco aprovou
ontem por 507 votos a 19 moção que autoriza o governo do
premiê Recep Tayyip Erdogan
a lançar uma ofensiva militar
contra autonomistas curdos
que recebem apoio no Iraque.
Em Washington, o presidente George W. Bush de imediato
pressionou para bloquear esse
novo foco de tensão. "Estamos
deixando bastante claro à Turquia que isso não seria de interesse dela." O porta-voz do
Pentágono, Geoff Morrell, disse que não há "um grande apetite" entre os turcos para tal
operação militar, "que teria implicações enormes para nós e
para eles também".
Como os EUA, a Turquia é
membro da Otan, o bloco militar ocidental. Tal fato tornaria
insólita uma eventual invasão
turca do norte do Iraque, a qual
colocaria em confronto as tropas de Ancara e as norte-americanas, que ocupam o país árabe
desde 2003. Ontem, o secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop
Scheffer, telefonou ao presidente turco, Abdullah Gul, e recomendou comedimento a todos os envolvidos.
Embora distante, a possibilidade de um novo confronto na
região petrolífera levou a cotação do barril do produto a alcançar, em Nova York, US$ 89.
Há o precedente de três operações militares turcas no Iraque. A maior delas, em 1997,
envolveu 200 mil homens, sem
no entanto neutralizar os autonomistas do PKK (Partido dos
Trabalhadores do Curdistão),
engajados em operações de
guerrilha no Curdistão turco.
Em Bagdá, o premiê iraquiano, Nuri al Maliki, telefonou a
Erdogan e disse que seu governo estava disposto a eliminar as
atividades dos rebeldes.
É possível que a votação parlamentar tenha por objetivo
acalmar o público interno. O
texto aprovado autoriza a operação "no prazo de um ano".
Além disso, a Chancelaria turca
convocou embaixadores em
Ancara de oito países, entre
eles os membros permanentes
do Conselho de Segurança da
ONU, e esclareceu, disse um
porta-voz, que "a moção não
significa que haverá no dia seguinte uma ação militar". "Nossa prioridade é a diplomacia."
Mesmo assim, foi incessante
a pressão para impedir que a
Turquia cometesse algum desatino. Um dos vice-presidentes iraquianos, Tariq al Hashimi, enviado anteontem a Ancara, disse "já existir uma nova atmosfera na atual crise".
A única voz dissonante foi a
do ditador sírio, Bashar Assad,
que em visita a Ancara apoiou a
possível ação turca: "As potências que invadiram o Iraque
[menção aos EUA e seus aliados menores] são responsáveis
indiretos pelo terrorismo, pois
são elas que controlam o país".
Voto do genocídio
A presidente da Câmara
americana, Nancy Pelosi, disse
ontem que são incertas as possibilidades de votação em plenário da moção, já aprovada em
comissão, que qualifica como
genocídio a eliminação pelos
turcos de 1,5 milhão de armênios em 1915. O texto, criticado
pela Casa Branca e que gerou
protestos da Turquia, deixou de
ser apoiado por deputados democratas e republicanos que de
início pretendiam votá-lo.
Com agências internacionais
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