São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2001

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Aliança ameaça expulsar britânicos

DA REDAÇÃO

Líderes da Aliança do Norte demonstraram ontem desconfiança em relação à presença de tropas estrangeiras no Afeganistão. Eles afirmaram que a maior parte das forças britânicas que desembarcaram na semana passada em uma base aérea ao norte de Cabul deve deixar o país.
Para Engenheiro Arif, responsável pelo serviço de inteligência, a utilização do território do Afeganistão como base para forças estrangeiras constitui um "problema muito sério".
"Há cerca de 85 pessoas que chegaram, sem qualquer anúncio prévio, em nome da ajuda humanitária coordenada pelas Nações Unidas", afirmou Arif.
"Nossa decisão é que apenas 15 delas podem permanecer, e as outras têm que ir embora", afirmou Arif após um encontro entre os líderes da aliança.
"Caso não seja aceito que apenas 15 pessoas permaneçam em território afegão, então todos deverão ir embora", concluiu Arif.
Abdullah Abdullah, responsável pelas relações externas da Aliança do Norte, já havia conversado sobre essa questão com o ministro britânico das Relações Exteriores, Jack Straw. Eram aguardadas para a noite de ontem mais conversações entre as duas partes que pudessem levar a uma tomada de decisão.
Cerca de cem soldados especiais britânicos desembarcaram na base de Bagram na manhã de sexta-feira, e logo começaram a proteger o aeroporto. As forças britânicas afirmaram estar garantindo a segurança para operações humanitárias que seriam realizadas.
A Aliança do Norte tomou controle da capital na terça-feira, depois que o Taleban, fragilizado por mais de cinco semanas de bombardeio norte-americano, deixou Cabul e refugiou-se na cidade de Candahar, sua base militar e religiosa. A captura de Cabul foi o ápice de uma ofensiva por terra apoiada por tropas dos EUA.
Abdullah acrescentou, porém, que a decisão em relação às tropas britânicas não quer dizer que a Aliança do Norte não esteja colaborando com a coalizão liderada pelos EUA. "Nós cooperamos e lutamos ao lado da coalizão e continuaremos a fazê-lo".
Mas Arif deixou claro, contudo, que a oposição permanece apreensiva em relação à postura da coalizão.
Quando lhe foi perguntado se estaria convencido de que as tropas haviam vindo por razões humanitárias, Arif destacou que elas haviam desembarcado de modo repentino e inesperado. "Se se trata de trabalhadores civis, não há problema algum, mas o modo como chegaram é inteiramente novo. Eles não nos consultaram sobre essa questão", lamentou Arif.


Com agências internacionais

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