São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Sharon visita local de ataque do Jihad Islâmico e planeja ligar encraves judaicos na cidade de maioria palestina

Israel quer consolidar colônias em Hebron

Ariel Hermony - France Presse
O ministro da Defesa Shaul Mofaz (à esq.) e o premiê Sharon (ao seu lado) fazem planejamento com militares em visita a Hebron


DA REDAÇÃO

O premiê de Israel, Ariel Sharon, quer consolidar as colônias judaicas na região de Hebron (Cisjordânia), onde, na sexta-feira, uma emboscada preparada por militantes do grupo extremista palestino Jihad Islâmico provocou a morte de 12 israelenses.
Sharon e o chanceler, Binyamin Netanyahu, voltaram a discordar ontem, na reunião ministerial, sobre a questão de exilar ou não o líder palestino Iasser Arafat. Netanyahu mais uma vez defendeu a expulsão de Arafat, enquanto Sharon rejeitou a proposta.
Sharon, seu ministro da Defesa, Shaul Mofaz, e altos comandantes militares visitaram ontem a área onde ocorreu o ataque. Hebron voltou a ficar sob estrito controle militar israelense. As ruas da cidade estavam tomadas por tanques e vigorava toque de recolher. O Exército deteve cerca de 40 palestinos desde sábado.
De acordo com palestinos, tropas israelenses tomaram sete casas de palestinos para usar como postos de observação e demoliram três outras, que pertenceriam a militantes do Jihad Islâmico.
Sharon disse que vai reforçar a posição dos assentamentos em Hebron ligando os encraves judaicos à colônia de Kiryat Arba, a leste de Hebron, para assegurar-lhes continuidade territorial.
O gabinete não esclareceu como pretende implementar essa proposta. Segundo o jornal israelense "Haaretz", no sábado o líder do conselho de Kiryat Arba, Zvi Katzover, pedira ao governo para "limpar a área" entre o assentamento e a Tumba dos Patriarcas (sagrada para judeus e muçulmanos) e destruir centenas de casas de palestinos que ficam no pequeno trecho de estrada que separa a colônia da Tumba.
Ainda segundo o "Haaretz", comandantes militares disseram que, por enquanto, só vão destruir as casas de pessoas que estejam ligadas à emboscada. O ministro da Defesa já teria autorizado a demolição de casas.
Cerca de 450 israelenses vivem em vários pequenos encraves no centro de Hebron, cidade que é o lar de 130 mil palestinos. Além disso, há cerca de 6.000 colonos judeus no assentamento de Kiryat Arba, que fica menos de 1 km a leste de Hebron. Algumas dezenas de milhares de palestinos moram entre Hebron e Kiryat Arba, e não há como ligar os dois locais sem desalojar os palestinos.
Apesar da relativa paz que reinava em Hebron nas últimas semanas, esta é uma das mais voláteis e extremistas cidades da Cisjordânia e já foi palco de muitos episódios de violência. Segundo a tradição, na Tumba dos Patriarcas estão enterrados Abraão, Isaac e Jacó. Como a caverna é sagrada para judeus e muçulmanos, existem acordos para que as duas comunidades possam rezar no local. Sharon já disse que os acordos estão mantidos.
O Exército israelense havia se retirado de Hebron três semanas atrás, dizendo que a área estava calma. O Departamento de Estado dos EUA qualificou a emboscada como um "crime hediondo".
A Autoridade Nacional Palestina não condenou o ataque. A política de Arafat tem sido de condenar a violência palestina dentro de Israel, mas não ações contra soldados israelenses ou colonos realizadas nos territórios ocupados.
O governo israelense tentou descrever o ataque de Hebron como um massacre e afirmou que o alvo eram colonos que voltavam das orações do shabat. Mas a imprensa israelense trouxe ontem uma outra versão, segundo a qual os colonos já haviam entrado na colônia de Kiryat Arba, que é fortemente guardada, e que os palestinos dirigiram seu fogo para os militares que os protegiam.
Um palestino foi morto ontem por soldados israelenses em Kfar Saide (Cisjordânia). Soldados também demoliram três casas de palestinos no campo de Balata, perto de Nablus. Helicópteros bombardearam uma fundição em Khan Younis, na faixa de Gaza, que, segundo o Exército israelense, era usada na fabricação de armas. Ninguém se feriu na ação.

Com agências internacionais


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