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VENEZUELA
Guarnição é leal a prefeito de Caracas, inimigo político do presidente
Chávez intervém em polícia opositora
DA REDAÇÃO
O Exército entrou em choque
com opositores do governo ontem em Caracas, no dia seguinte à
intervenção do presidente venezuelano na polícia metropolitana
da capital venezuelana.
Dezenas de tanques e veículos
blindados saíram às ruas da cidade. Centenas de membros de
Guarda Nacional, leal a Chávez,
participaram da operação. Os militares utilizaram bombas de gás
lacrimogêneo para dispersar os
manifestantes.
A intervenção na polícia metropolitana aconteceu, segundo o
governo, para garantir a ordem
no país, uma vez que 400 dos 13
mil policiais da corporação estavam em greve por não receber salários atrasados.
Os grevistas estavam sendo acusados pelos demais de estarem
sendo manipulados por Chávez
para rachar a polícia. Durante a
semana, choque entre os dois grupos chegou a deixar 11 feridos.
O comando da polícia metropolitana é do prefeito de Caracas, Alfredo Peña, um dos principais
opositores de Chávez no país.
O prefeito, de acordo com o Ministério do Interior, está proibido,
desde que foi implementada a intervenção, de ingressar em todos
os recintos da corporação policial.
A oposição considerou a intervenção na polícia como ilegal.
Segundo o presidente venezuelano, a medida é temporária e visa
resolver uma crise política. "Assim que a polícia for reestruturada, a intervenção será encerrada",
disse Chávez em seu programa
dominical no rádio. O presidente
acrescentou que seus opositores
estavam utilizando os oficiais para fins políticos.
"A polícia metropolitana está
uma anarquia. É obrigação do Poder Executivo nacional se envolver em um problema de segurança e de ordem pública", disse o
presidente. O presidente acrescentou que "a Venezuela é uma só
república, não quatro".
Segundo Chávez, "a democracia
não pode relaxar, quando alguns
interpretam a democracia como
uma anarquia". A intervenção na
polícia metropolitana, afirma o
presidente, "está respaldada pela
Constituição".
As Forças Armadas venezuelanas foram colocadas nas ruas ontem após policiais leais ao governo nacional começarem a trocar
tiros com os que permaneciam do
lado da prefeitura de Caracas
após o anúncio da intervenção na
noite de sábado. Não houve vítimas nos confrontos.
O governo já nomeou um novo
chefe para a polícia metropolitana, mas não se sabia quantos ficariam leais a eles. O chefe da polícia
que estava sendo substituído,
Henry Vivas, afirmava ontem que
continuava no cargo.
Para analistas, a intervenção de
Chávez na polícia metropolitana
tem como objetivo neutralizar
uma força armada hostil ao seu
governo.
Opositores de Chávez divulgaram comunicado afirmando que
o presidente não pode intimidá-los ao "colocar nas ruas veículos
blindados. Nós precisamos mostrar a ele que iremos restaurar a
democracia na Venezuela".
O prefeito de Caracas acusou
ontem Chávez de estar criando
um caos que pode arruinar a iniciativa de diálogo mediada pelo
secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos),
Cesar Gaviria.
Tanto Chávez quanto os opositores haviam concordado em dialogar sobre um possível plebiscito
para decidir se o presidente deve
ou não seguir no cargo. A oposição quer que a votação seja realizada o quanto antes. Já Chávez
afirma que a Constituição somente permite a convocação do plebiscito após julho de 2003.
Em abril deste ano, Chávez chegou a ser deposto por cerca de 48
horas em golpe comandado por
civis e militares.
Com agências internacionais
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