São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2006

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Clérigos pedem a todos os sunitas que deixem o governo iraquiano

Retaliação é protesto pela ordem de prisão contra religioso que vive exilado

DA REDAÇÃO

A Associação dos Clérigos Muçulmanos pediu ontem que todos os políticos sunitas abandonem o ministério e o Parlamento iraquianos. É a primeira resposta à ordem de prisão decretada pelo Ministério do Interior contra o mais influente clérigo do país, Harith Al Dhari.
A reação sunita só aumenta a fragilidade do instável governo do premiê Nuri Al Maliki -que é xiita, como a maioria da população iraquiana- e pode estimular mais violência no país.
Abdul Al Kubaisi, porta-voz da associação, disse que a ordem de prisão busca encobrir "os atos das forças de segurança do governo que matam dúzias de iraquianos diariamente".
O vice-presidente Tariq Al Hashimi, também sunita, pediu o cancelamento imediato da ordem de prisão, que, segundo ele, "destrói o plano de reconciliação nacional".
O ministro do Interior, o xiita Jawad Al Bolani, assinou a ordem de prisão na quinta-feira à noite, declarando que Al Dhari era procurado por incitar o terrorismo e a violência.
Mas o porta-voz do governo, Ali Al Dabbagh, também xiita, tentou minimizar a ordem, dizendo que era apenas para "investigação".
Em outro sinal de que xiitas e sunitas não andam dialogando nem sequer no gabinete, o vice-primeiro-ministro Barham Saleh disse que o ministério e o gabinete da Presidência não estavam informados da ordem para deter o clérigo.
O clérigo Al Dhari, um extremista sunita que não aceitou a oferta de reconciliação proposta pelo governo para abandonar a insurgência, está há meses fora do Iraque. Ele disse que seu pedido de prisão veio em um momento "em que o governo se sente constrangido por seu fracasso na segurança".

Seqüestro continua
Dois dos cinco funcionários de uma empresa de segurança seqüestrados anteontem foram libertados ontem, perto da fronteira com o Kuait, segundo o governador da província de Basra, Mohammed Al Waili.
Mas a informação não foi confirmada pelas autoridades americanas, e foi desmentida pela polícia iraquiana.
Segundo o governador, um dos cinco reféns (quatro americanos e um austríaco) foi encontrado morto na cidade de Safwan. A nacionalidade da vítima ainda não foi divulgada.

Vontade de atirar
Em um tribunal do Estado americano da Virgínia, dois ex-funcionários de uma empresa americana prestadora de serviços de segurança no Iraque acusaram ontem seu antigo supervisor de ter atirado contra carros e civis iraquianos em julho passado.
Shane B. Schmidt e Charles Sheppard, ex-militares que trabalhavam para a empresa Triple Canopy, foram demitidos depois de terem denunciado os tiros do chefe enquanto dirigia em Bagdá.
"Ele parecia disposto a matar alguém antes de deixar Bagdá", eles contaram ao jornal "The New York Times". "Vou matar alguém hoje, eu nunca atirei em alguém antes com minha pistola", disse o supervisor, segundo os dois.
Dois veículos foram atingidos, mas os dois ex-funcionários não sabem ao certo o que teria acontecido depois com os passageiros.


Com agências internacionais


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