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Ministros são acusados em suposto mensalão
Parlamentares argentinas envolvem homens de confiança de Cristina
Em depoimento, três deputadas dizem ter sido procuradas com ofertas irregulares; Casa Rosada desmente
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
As parlamentares opositoras que acusam o governo argentino de tentar comprar
votos na Câmara dos Deputados para aprovar o Orçamento de 2011 disseram ontem
que o suposto esquema de
suborno foi comandado pelos dois ministros mais fortes
do gabinete da presidente
Cristina Kirchner.
Em depoimento à Comissão de Assuntos Constitucionais da Câmara, três parlamentares formalizaram as
denúncias que já haviam feito na semana passada e citaram os nomes do chefe de gabinete de Cristina, Aníbal
Fernandez, e do ministro do
Planejamento, Julio de Vido.
Segundo a deputada Elisa
Carrió, ambos telefonaram
para opositores durante a
sessão parlamentar ocorrida
há oito dias para pressioná-los a não votar e, assim, permitir a aprovação do projeto
orçamentário do governo.
O Orçamento transformou-se numa guerra política
por causa das discordâncias
sobre a estimativa de arrecadação do Executivo.
A oposição acusa o governo de ter subestimado a inflação e o crescimento da economia para que sobrem US$
20 bilhões para gastos livres.
Mesmo com minoria no
Congresso, o governo resistiu
em alterar o projeto, partiu
para o tudo ou nada e foi derrotado por 117 a 112.
Antes da votação, porém,
12 deputados opositores "desapareceram e apagaram os
celulares", segundo Carrió.
Mais 15 deputados dizem
ter sido assediados por ministros ou aliados.
Entre eles estão Elsa Alvarez e Cynthia Hotton -esta,
ligada ao vice-presidente e
maior líder da oposição, Julio
Cobos. As duas depuseram
ontem na Câmara.
Hotton disse que a deputada governista Patrícia Fadel
ofereceu ajuda em projetos,
contratos e "muito mais" caso ela abandonasse a sessão.
Já Alvarez afirmou que recebeu quatro ligações, sendo
duas do secretário pessoal de
Julio de Vido.
A sessão foi tensa. A presidente da comissão, a oposicionista Graciela Camaño,
deu um soco no governista
Carlos Kunkel.
Ontem, o governo tentou
votar o mesmo projeto de Orçamento, sem sucesso.
Em resposta, os líderes do
governo afirmam que têm direito de conversar com a oposição, mas negam oferta.
Aníbal Fernandez disse na
semana passada que não entrou em contato com nenhum deputado opositor.
Já o ministro Julio de Vido
afirmou que não falou com
nenhum opositor durante a
sessão e que as declarações
são "lamentáveis".
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