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Mortes elevam tensão no Saara Ocidental
Conflito mais antigo da África opõe Marrocos e líderes pró-independência; 12 pessoas morreram nos últimos dias
Apesar de confrontos na ex-colônia espanhola controlada pelo governo de Marrocos, ONU não deve investigar o caso
SAMY ADGHIRNI
DE SÃO PAULO
A Frente Polisario, que disputa com o Marrocos a soberania sobre o Saara Ocidental, criticou ontem a França
por ter vetado na véspera o
envio de uma missão da ONU
para apurar recentes episódios de violência que deixaram ao menos 12 mortos.
O território no oeste africano é uma ex-colônia espanhola controlada pelo governo marroquino desde 1975,
rica em fosfato e com grande
potencial pesqueiro.
Os incidentes, ocorridos
na cidade de El Aiun, capital
do território em disputa, jogaram luz sobre o conflito
mais antigo da África e um
dos mais antigos do mundo,
ao lado do árabe-israelense e
do que afeta a Caxemira.
Causou irritação à Polisario o fato de Paris ter usado
seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para se alinhar à posição do
Marrocos, que tem relações
econômicas e políticas privilegiadas com a França.
O Conselho se limitou a
"deplorar a violência" e exigiu que as partes demonstrassem "mais vontade política" de resolver o conflito,
mediado pela ONU e monitorado por uma missão de paz.
A ONU reconhece a Polisario como movimento político, mas não a República Árabe Saaraui Democrática
(RASD), que os militantes defendem na região conhecida
como Saara Ocidental.
A crise atual começou há
um mês, quando ao menos 12
mil saarauis de todas as idades se instalaram num imenso acampamento nos arredores de El Aiun para protestar
contra Marrocos.
VERSÕES
Apesar das reivindicações
por melhores condições de
vida, a manifestação foi imediatamente tida como um levante dos saarauis, que se
consideram vivendo sob ocupação marroquina.
O protesto foi orquestrado
em meio à retomada das conversas na ONU entre as partes e às vésperas do dia 6 de
novembro, data do 35º aniversário da Marcha Verde, na
qual 350 mil marroquinos caminharam até o Saara.
A tensão gerada pelo
acampamento se espalhou
pelas ruas de El Aiun. Houve
destruição e saques de bancos, lojas e supermercados.
O Exército invadiu o campo no último dia 8.
A Polisario diz que houve
massacre de civis. A ONG Human Rights Watch, além da
França, defendem a versão
do Marrocos de que 12 pessoas foram mortas, entre elas
dez militares marroquinos.
O Marrocos acusa a vizinha Argélia de ter insuflado
os protestos. Diz ainda que os
argelinos querem transformar uma eventual República
Saaraui em Estado satélite
para ter acesso ao Atlântico.
Os marroquinos afirmam
que a Argélia quer sabotar o
plano de autonomia apresentado por Rabat em 2007.
Já o governo argelino diz
que as autoridades marroquinas praticam atrocidades
diárias contra os saarauis, e
que o Marrocos ocupa ilegalmente o vizinho do sul.
Segundo Argel, EUA e
França apoiam Marrocos em
troca de apoio na guerra ao
terror e de contratos de compra de armas por Rabat.
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