São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

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TERRORISMO

Americanos são convidados pela primeira vez

EUA participam de reunião sobre segurança na Tríplice Fronteira

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU

Representantes dos EUA irão participar hoje, como convidados, de reunião do Comando Tripartite da Tríplice Fronteira. É a primeira vez que autoridades daquele país participam desse tipo de reunião, sinalização da preocupação com a reação de Washington à possibilidade de haver células terroristas na região, entre Brasil, Argentina e Paraguai.
Os EUA estarão representados pelo embaixador Cofer Black, coordenador de Contraterrorismo do Departamento de Estado, e por seu antecessor, o embaixador Francis Taylor. Pelo Brasil participam representantes de Polícia Federal, Receita Federal, Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), Ministério de Relações Exteriores e Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
O Comando Tripartite, criado em 1998, é formado por Brasil, Argentina e Paraguai e procura, como uma de suas principais preocupações, coibir a lavagem de dinheiro e o tráfico de drogas na porosa região de fronteira.
Ontem, em Buenos Aires, as autoridades americanas já discutiram com os representantes do comando seis pontos considerados fundamentais na atuação conjunta na Tríplice Fronteira: tráfico de drogas, tráfico de armas, lavagem de dinheiro, controle aduaneiro, imigração e financiamento de atividades potencialmente associadas ao terrorismo.
Hoje pela manhã, o comando se reúne em Puerto Iguazu (Argentina) e, depois, a delegação americana irá visitar Foz do Iguaçu (PR) e Ciudad del Este (Paraguai).
O convite às autoridades americanas é uma tentativa dos governos da região de mostrar aos EUA que estão atuantes. Recentemente, a imprensa americana relatou suposta atividade terrorista na Tríplice Fronteira.
A acusação não é nova. A Argentina acredita que tenha sido de lá que saíram os terroristas que atacaram entidades judaicas nos anos 90 no país. O Brasil, por sua vez, nega que haja movimentação de terroristas na região.
Comprovadamente, há ligação de membros da grande comunidade de origem árabe local com grupos libaneses, notadamente o Hizbollah -que os EUA classificam como terrorista. Só que eles argumentam que a ligação é institucional, uma vez que o Hizbollah exerce atividades parlamentares.


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