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Saddam está no Iraque, diz conselho
DA REDAÇÃO
O Conselho de Governo Iraquiano reiterou ontem que o ex-ditador Saddam Hussein, capturado pelas forças americanas no
último sábado, está detido na região de Bagdá e será submetido a
julgamento público no Iraque.
"Saddam Hussein está na grande Bagdá. Ele não foi levado para
o Qatar. Essa informação foi desmentida pelo [chefe da Autoridade Provisória da Coalizão, Paul]
Bremer", disse Mowaffaq al Rubaie, integrante do conselho. "Se
Deus quiser, ele será julgado por
um tribunal público iraquiano."
Anteontem, o presidente dos
EUA, George W. Bush, disse que
caberia aos iraquianos decidir o
destino do ex-ditador. Na semana
passada, o conselho, submetido
aos EUA, instituiu um tribunal especial para julgar membros do regime deposto, inclusive Saddam.
A questão gerou discussão internacional e questionamento pelas organizações de direitos humanos, que põem em dúvida a
isenção dos iraquianos, bem como a estrutura jurídica do país
-que passou décadas submetida
a uma ditadura- para um julgamento desse porte.
Outro ponto nebuloso é o paradeiro de Saddam após sua captura. Os EUA não revelam onde o
mantêm, mas já negaram que ele
tenha sido retirado do país.
A dúvida está alimentando a
crença no Iraque de que as imagens da prisão de Saddam não
passem de uma encenação, difundida entre os moradores do
Triângulo Sunita. A região, ao
norte e a oeste de Bagdá, concentra simpatizantes do regime deposto e se tornou o maior foco de
violência no pós-guerra.
Fallujah, Samarra, Mossul e Tikrit -cidade onde Saddam cresceu e perto da qual estava escondido no momento da captura-
são palco de manifestações diárias a favor do ex-ditador, a maioria das quais resulta em confronto
com soldados dos EUA.
Tamanho é o apoio a Saddam
na região que as forças americanas se viram obrigadas a anunciar, em carros de som, que é falsa
a notícia de que a prisão seria uma
encenação e que o homem que
aparece nas imagens seria um dublê de Saddam.
"As forças de coalizão prenderam Saddam Hussein. Informações de que se tratava de um dublê de Saddam são falsas", diz o
anúncio, em árabe. "O regime deposto não vai voltar nunca. Esse é
o fim do partido Baath", segue, referindo-se ao extinto partido, comandado pelo ex-ditador, que
governava o Iraque desde 1968.
Mas nem todos acreditam. "É
alguém usando uma máscara de
Saddam", disse o borracheiro
Waleed Ibrahim, 25, à agência de
notícias Associated Press. "É um
truque para ajudar o presidente
Bush a se reeleger."
O ceticismo é o mesmo que tomou o Triângulo Sunita quando
os EUA mataram Uday e Qusay
Hussein, filhos de Saddam (um
sunita), em julho. Reflete, em parte, o ressentimento com a perda
de prestígio da região que, sob o
antigo regime, era privilegiada em
detrimento das áreas habitadas
por xiitas ou curdos - que juntos
perfazem 80% dos iraquianos.
Com agências internacionais
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