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Lula rechaça proposta de Morales contra Washington
ENVIADO ESPECIAL À COSTA DO SAUÍPE
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou proposta de
seu colega boliviano Evo Morales de dar um prazo ao governo
norte-americano para eliminar
o embargo a Cuba, sob pena de
retirada dos embaixadores em
Washington de todos os 32 países da América Latina e do Caribe (menos Cuba, que não tem
relações com os EUA).
A proposta de Morales foi
apresentada na sessão plenária
da cúpula da América Latina e
do Caribe e teve o endosso do
equatoriano Rafael Correa: "É
necessário ver em quantos meses vão levantar esse absurdo
embargo a Cuba", disse Correa.
Lula, na entrevista coletiva
de encerramento das cúpulas,
sentado ao lado de Morales,
também condenou enfaticamente o bloqueio. "Não consigo entender o bloqueio a Cuba,
a não ser por birra."
Mas se disse "mais cuidadoso" do que o colega boliviano.
Por isso, prefere esperar que
Barack Obama tome posse (no
dia 20 do mês que vem), "para
ver qual é a sua proposta para a
América Latina, para Cuba, para o Oriente Médio".
Só depois, acha Lula, caberia
"aprovar ou questionar" as propostas. Mas a retirada de embaixadores nem sequer foi por
ele mencionada como hipótese
a curto, médio ou longo prazo.
O presidente brasileiro, eterno otimista, se disse também
esperançoso de que o governo
Obama implemente de fato
mudanças. Chegou a brincar
com a hipótese de que Obama
visite a Venezuela, que Hugo
Chávez visite Obama, com o
que se abriria espaço para convidar o presidente dos Estados
Unidos para a próxima cúpula
da Organização dos Estados da
América Latina e do Caribe (em
2010, portanto com tempo suficiente para que a esperança de
Lula seja confirmada ou desmentida).
O presidente brasileiro acha
que os EUA têm que enxergar
as mudanças ocorridas na
América Latina, que resumiu
assim: nos anos 70, havia luta
armada, bipolaridade, Guerra
Fria. "Tudo isso acabou", afirmou, para lembrar em seguida
que o Foro de São Paulo, criação do PT nos anos 80, era um
esforço de "unificação das esquerdas latino-americanas",
inclusive as de luta armada.
"Hoje, vejo muitos companheiros no governo de seus países",
completou, para apontar o grau
de mudanças ocorridas na região e que Obama deveria ver.
Já na sessão plenária, Lula
havia elogiado Cuba e criticado
anteriores governos latino-americanos, ao dizer: "Todos os
países ficaram apostando para
ver quem era mais amigo de
quem governava os EUA".
Emendou: "É importante ter
relações com todos os países,
mas a subserviência não ajuda
nenhum país a crescer."
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