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CRISE NO GOLFO
Bagdá quer formar força de um milhão de voluntários; diplomata iraquiano é assassinado na Jordânia
Iraque declara 'guerra santa' a sanções
das agências internacionais
O Iraque declarou uma "jihad"
(guerra santa) contra o embargo
da ONU ontem e convocou os iraquianos para formarem uma força
de um milhão de voluntários para
lutar pelo fim das sanções, impostas em 1991.
"Nós estamos determinados a
empreender uma grande 'jihad'
para suspender as sanções", disse
o vice-presidente iraquiano, Taha
Yassin Ramadan. "Não há outra
alternativa, após sete anos de paciência e cooperação com a ONU e
seus comitês", disse ele.
"O Ministério da Defesa convoca todos os homens e mulheres do
Iraque a se alistarem em treinamento popular que ocorrerá em
todas as regiões do país a partir de
1º de fevereiro", anunciou a agência oficial de notícias "INA".
"O treinamento vai envolver um
milhão de combatentes, de diferentes idades e níveis, homens e
mulheres", disse a "INA", citando
Ramadan.
"Nós entramos no oitavo ano
das sanções. O povo iraquiano está
sofrendo com mortes, fome e
doenças. E não há nada que indique que as sanções serão suspensas pelo Conselho de Segurança
(da ONU)", disse Ramadan.
No sábado, falando na TV por
ocasião do sétimo aniversário do
início da Guerra do Golfo, Saddam
já havia convocado voluntários
para a luta.
"Nós devemos mostrar a determinação do povo, sob a liderança
do grande (Partido) Baath, para
lutar para que o Iraque continue
existindo do jeito que é", disse o
ditador iraquiano.
A crise atual entre o Iraque e a
ONU começou quando Bagdá barrou este mês o trabalho de uma das
equipes de inspeção da ONU, acusando-a de espionagem.
Saddam ameaça expulsar todas
as equipes da ONU em seis meses
se não houver perspectivas de suspensão das sanções.
Washington não descarta o uso
da força para obrigar Bagdá a aceitar as inspeções incondicionalmente, como determinam as resoluções da ONU. Segundo elas, as
sanções só serão suspensas após as
equipes de inspeção certificarem
que o Iraque eliminou o seu arsenal de armas de destruição em
massa.
A secretária de Estado dos EUA,
Madeleine Albright, disse ontem
que Saddam está "cavando um
buraco mais fundo na areia" em
relação às sanções. "Ameaçar expulsar as equipes da ONU não vai
resolver a situação", disse ela.
Richard Butler, que chefia a Unscom (a comissão da ONU encarregada de eliminar o arsenal iraquiano), deve chegar hoje ao Iraque.
"Eu tenho uma mensagem do
Conselho de Segurança para os
iraquianos. Espero que eles restabeleçam a cooperação com a
ONU", disse Butler.
Assassinato
Em Amã, capital da Jordânia, o
encarregado de negócios iraquiano Hikmat al-Hajou foi morto
junto com outras sete pessoas, incluindo um egípcio.
Os assassinatos foram cometidos
a facadas no sábado à noite, na casa de um rico empresário. Algumas fontes em Amã disseram que
o crime poderia estar relacionado
a disputas comerciais.
Uma grega que sobreviveu ao
ataque, ferida gravemente, teria
dito que os atacantes seriam cerca
de seis e falariam árabe com sotaque iraquiano. Bagdá pediu uma
investigação rigorosa do caso.
Iraque e Jordânia, aliados no
passado, estão com as relações estremecidas por causa da aproximação da Jordânia com os EUA e
com Israel.
No mês passado, o rei Hussein da
Jordânia atacou o Iraque pela execução de quatro jordanianos acusados de contrabando. Há suspeitas de que estariam envolvidos em
tentativa de golpe contra Saddam.
A "INA" disse ontem que Saddam decidiu libertar imediatamente todos os prisioneiros jordanianos detidos nas cadeias do Iraque, independente do crime cometido.
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