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ORIENTE MÉDIO
Grupo diz que matou executivo ligado a Arafat por causa de sua suposta corrupção, em desafio ao líder palestino
Palestinos assumem morte de chefe de TV
PHIL REEVES
DO "THE INDEPENDENT", EM GAZA
Um grupo militante palestino
reivindicou ontem o assassinato
de Hisham Mekki, diretor da TV
estatal palestina. Se a afirmação
for verídica, trata-se de um dos
mais sérios desafios internos lançados em anos ao presidente da
Autoridade Nacional Palestina,
Iasser Arafat, e seu círculo de assessores mais próximos.
Um grupo chamado Brigada de
Mártires Al Aqsa (nome de mesquita em local disputado de Jerusalém Oriental) divulgou um comunicado dizendo que sua "unidade de combate à corrupção"
matou o executivo de 54 anos,
abatido a tiros por dois pistoleiros
encapuzados numa mesa de um
restaurante à beira-mar na faixa
de Gaza, anteontem.
Mekki, famoso por seu envolvimento com corrupção, foi o primeiro membro do círculo de Arafat a ser morto na Intifada atual. O
levante palestino, que já dura 16
semanas e tem um saldo de mortos de 309 palestinos, 45 israelenses e 13 árabes israelenses, vem
aumentando a confiança e a influência dos grupos militantes
que se opõem aos acordos de paz
com Israel. Mekki era associado
com Arafat, embora não fossem
muito próximos, e ocupava um
escritório situado no quartel-general do líder palestino em Gaza.
Os ressentimentos provocados
pela corrupção em altas esferas
vêm fervilhando há anos nas ruas
da Cisjordânia e da faixa de Gaza.
Anteontem já corriam boatos de
que o assassinato de Mekki teria
sido um aviso lançado a altos funcionários palestinos por um grupo radical. A pouco conhecida
Brigada de Mártires Al Aqsa, que
reivindicou vários ataques recentes a alvos israelenses, disse que
matou Mekki porque ele desviou
milhões de dólares para contas
próprias e assediou sexualmente
funcionárias mulheres.
"O fato de... a Autoridade Nacional Palestina e o presidente
(Arafat) não terem punido essas
pessoas sujas nos obrigou" a cometer o assassinato, disse o comunicado do grupo.
A Autoridade Nacional Palestina atribuiu o atentado, que teve as
características de um crime cometido por profissionais, sob encomenda, a "colaboradores" com
Israel. Mas, o que é significativo,
não a Israel propriamente dito.
O governo israelense negou
qualquer envolvimento com o incidente. Israel vinha acusando a
TV palestina de reproduzir cenas
sangrentas da Intifada e incitar
ataques contra israelenses.
Cerca de mil pessoas acompanharam o enterro de Mekki, inclusive Arafat, que ajudou a carregar o caixão.
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