São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2002

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Após atentado, Israel mata três

DA REDAÇÃO

Forças israelenses realizaram ofensiva na Cisjordânia e na faixa de Gaza ontem, aumentando o cerco ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, e matando pelo menos três palestinos e ferindo outros 18.
A ação foi uma retaliação à morte de seis israelenses em ataque de um palestino pertencente ao grupo extremista Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, braço armado do Fatah (ligado a Arafat), em em Hadera (norte de Israel).
O atentado e a resposta israelense retomam a espiral de violência na região, que ficou em relativa calma até o início desta semana. O grupo ligado ao Fatah afirma que a ação em Hadera foi uma resposta à morte de um de seus líderes em explosão atribuída a Israel.
O mais prejudicado com a escalada da violência é Arafat. De um lado, o líder palestino é responsabilizado pelo governo do premiê israelense, Ariel Sharon, por não agir contra os grupos extremistas. Do outro, é criticado e ameaçado por grupos palestinos. Após 16 de dezembro, quando pediu o fim dos ataques contra israelenses, o líder palestino ganhou fôlego, mas o fim da trégua nesta semana minou seus esforços.
Arafat está proibido por Israel de sair de Ramallah (Cisjordânia) desde o início de dezembro. Tanques israelenses aumentaram o cerco ainda mais ontem, posicionando-se a apenas 30 metros do prédio onde está o líder palestino.
Segundo o ativista de direitos humanos palestino Mustafa Barghouti, tropas israelenses ocupavam metade de Ramallah. Um palestino foi morto quando atirava pedras em militares israelenses.
Em um ataque com caças F-16, a Força Aérea de Israel destruiu uma instalação da polícia palestina em Tulkarem. Um policial foi morto e pelo menos 18 pessoas ficaram feridas. Um palestino de 19 anos foi morto por soldados israelenses na faixa de Gaza.
O Exército israelense impusera havia dois dias toque de recolher nas cidades palestinas de Qalqilyah e Jenin. Nablus e Tulkarem estão com o acesso bloqueado.
O ministro da Defesa de Israel, Binyamin Ben Eliezer, disse que Arafat "não está impedindo que grupos terroristas realizem ataques contra israelenses". Por esse motivo, o bloqueio a cidades palestinas teria se intensificado.
Anteontem, durante festa em comemoração a um bat-mitzvá (celebração da maioridade da mulher judia, geralmente aos 12 anos) em Hadera, seis convidados foram mortos por um palestino que invadiu o salão de festas atirando. O terrorista foi morto. Cerca de 30 ficaram feridos.
O governo israelense, após o ataque, afirmou que os palestinos iriam "ter uma lição de que não se esquecerão tão cedo".
Nabil Abu Rdainah, assessor de Arafat, pediu intervenção dos EUA para impedir que Israel continue praticando "uma política de assassinatos e ocupações". A ANP criticou o atentado em Hadera.
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, em viagem à Índia, lamentou o atentado. "Pessoas inocentes que estavam em uma linda celebração perderam a vida devido a um ataque terrorista."
Ao menos 809 palestinos e 246 israelenses morreram na região devido à violência desde a eclosão da nova Intifada (o levante palestino contra a ocupação israelense), em setembro de 2000.

Síria
O representante sírio no Conselho de Segurança da ONU comparou a demolição de casas palestinas na faixa de Gaza, realizada por Israel, aos atentados de 11 de setembro. Os EUA classificaram a afirmação como "infeliz".


Com agências internacionais


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