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VENEZUELA
Presidente veio pedir a entrada de países como Rússia e Jamaica no grupo pela paz, mas ouve argumentos contrários em Brasília
Chávez recua e diz aceitar Grupo de Amigos
Vitor Soares/Radiobrás
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Hugo Chávez dá entrevista ao chegar na base Aérea de Brasília |
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, chegou ontem a Brasília criticando a formação do Grupo de Amigos da Venezuela. Depois de se reunir com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, Chávez
voltou para seu país resolvido a
dar um "crédito de confiança" ao
Brasil, mas ainda achando que o
grupo deveria ser ampliado.
Segundo o chanceler Celso
Amorin, "nós explicamos que o
equilíbrio encontrado para a participação dos países é um equilíbrio delicado e importante para
que estejam representadas diversas opiniões". "Creio que ele entendeu. Provavelmente continuará pensando que deveriam participar outros países, mas decidiu
dar um crédito de confiança ao
grupo como está funcionando."
O chanceler disse que assuntos
como envio emergencial de petróleo não foram tratados.
O mandatário venezuelano havia dito que iria tratar de um intercâmbio energético entre a Petrobras e sua correspondente venezuelana, a PDVSA. Chávez dissera também que a viagem serviria para "dar [a Lula" um diagnóstico mais preciso da crise".
Chegando a Brasília, ele criticou
a "pré-configuração" do grupo.
"Esse é o primeiro grupo, não é o
grupo. É só um embrião", afirmou, criando constrangimentos
para o governo brasileiro. As críticas foram feitas na Base Aérea,
antes até da reunião com o presidente Lula, o chanceler Amorim,
o chefe da Casa Civil, José Dirceu,
o assessor especial da Presidência
Marco Aurélio Garcia e o secretário-geral do Itamaraty, Samuel
Guimarães, que o esperavam desde cedo na Granja do Torto.
Antes de sair da Venezuela,
Chávez havia também dito que
poderia deixar a mesa de negociações que seu governo participa
com a oposição. Essa iniciativa é
mediada pelo secretário-geral da
OEA (Organização dos Estados
Americanos), o ex-presidente colombiano César Gaviria.
Chá de cadeira
Chávez era esperado às 7h30,
mas só desembarcou às 9h50.
Mesmo atrasado, ainda deu entrevista na Base Aérea e só então
rumou para a granja, residência
oficial do presidente nos fins de
semana. Chegou lá às 10h40, uma
hora e meia depois de Lula.
Foi a segunda vez que Chávez
deu chá de cadeira no presidente
brasileiro, um de seus maiores defensores no cenário internacional.
A primeira foi no dia de estréia de
Lula na Presidência, 2 de janeiro,
quando recebeu a deferência de
ser a primeira audiência formal
no mandato do presidente e chegou uma hora atrasado para o café da manhã.
O grupo de Amigos da Venezuela foi criado na terça-feira, em
Quito, sob a coordenação da OEA
e incluindo seis países: Brasil, autor da idéia, EUA, Espanha, Portugal, Chile e México. O objetivo é
promover o improvável diálogo
entre Chávez e a oposição para
tentar uma saída constitucional
para a crise política no país.
A Folha apurou com autoridades do governo americano que o
primeiro encontro do grupo deve
se dar mesmo no Brasil, daqui a
cerca de duas semanas.
Para o presidente venezuelano,
o grupo precisa ser ampliado para
incluir mais amigos do seu país
-ou do seu governo- em praticamente todos os continentes. Falou, especificamente, em Rússia,
Cuba e França -que já vinha citando- e acrescentou uma novidade à reivindicação: a Jamaica.
"A Rússia tem solicitado participação. O Putin [Vladimir Putin,
presidente russo" é um grande
amigo, e não queremos que a
Rússia fique de fora", disse Chávez, acrescentando que Fidel Castro (Cuba) não se recusaria a integrar o grupo e elogiando o premiê
da Jamaica, Percival Patterson.
Quando indagado sobre a participação dos EUA e da Espanha,
países que apoiaram o golpe contra ele em 2001, Chávez se escorou
na posição brasileira: "Não temos
nenhum temor, porque está presente [no grupo" o Brasil", disse.
A Venezuela vive uma greve geral desde 2 de dezembro, com o
comprometimento da exploração, do refino e da distribuição de
petróleo, principal produto da
economia do país.
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