|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AMÉRICA DO SUL
Morales promete investigação "profunda"
Destruição de mísseis pelos EUA provoca crise militar na Bolívia
DA REDAÇÃO
O presidente eleito da Bolívia,
Evo Morales, disse ontem que irá
investigar acusações de que militares bolivianos trabalharam em
coordenação com os EUA para
destruir 28 mísseis antiaéreos
portáteis chineses de propriedade
do Exército boliviano, em outubro do ano passado.
A decisão de enviar os mísseis
aos EUA para serem destruídos
gerou uma crise militar na Bolívia
e provocou anteontem a destituição do comandante do Exército, o
general Marcelo Antezana, e a renúncia do ministro da Defesa,
Gonzalo Méndez.
Morales, que toma posse neste
domingo, disse que a investigação
será "profunda" e que qualquer
evidência de delito será "drasticamente punida". A Embaixada dos
EUA em La Paz disse que não comentaria o caso.
Rodríguez disse ter sido informado por oficiais do Exército de
que os mísseis eram obsoletos e
de que foram destruídos por recomendação das Nações Unidas e
da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Mas críticos da decisão questionaram a obsolescência dos equipamentos. Os 28 mísseis correspondiam a todo o poderio antiaéreo boliviano.
"Isso não pode ficar assim. Os
autores materiais e intelectuais
dessa decisão, sejam civis, sejam
militares, devem ser julgados",
afirmou Morales. "Não podemos
desarmar as Forças Armadas.
Queremos Forças Armadas que
nos defendam."
A ABI, agência de notícias estatal boliviana, afirmou que o presidente interino, Eduardo Rodríguez, questionou formalmente a
Embaixada dos EUA em La Paz
sobre seu papel no caso.
Também está sendo apurada a
responsabilidade do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas,
general Marco Antonio Vásquez,
e de outros dois generais bolivianos. "Não foram seguidos determinados procedimentos, e não se
constatou a existência de uma ordem explícita e escrita que autorizasse [a destruição]", afirmou Rodríguez, com base em um informe militar.
O informe indica ainda que os
mísseis foram retirados irregularmente do país por uma missão
militar americana.
"É necessário examinar com
cuidado e transparência a atuação
de determinados funcionários
[dos EUA] que participaram desse procedimento a fim de preservar nossas boas relações", afirmou o presidente interino.
Antezana argumentou diversas
vezes que os equipamentos estavam ultrapassados e acusou os
EUA de forçarem sua entrega para limitar a ação do governo socialista de Morales. Em seu lugar,
assumiu interinamente o general
Orlando Paniagua, cuja permanência será decidida por Morales.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Religião: Encíclica de Bento 16 tratará de amor Próximo Texto: Brasil deve ajudar Morales, dizem EUA Índice
|