São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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AMÉRICA DO SUL

Morales promete investigação "profunda"

Destruição de mísseis pelos EUA provoca crise militar na Bolívia

DA REDAÇÃO

O presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, disse ontem que irá investigar acusações de que militares bolivianos trabalharam em coordenação com os EUA para destruir 28 mísseis antiaéreos portáteis chineses de propriedade do Exército boliviano, em outubro do ano passado.
A decisão de enviar os mísseis aos EUA para serem destruídos gerou uma crise militar na Bolívia e provocou anteontem a destituição do comandante do Exército, o general Marcelo Antezana, e a renúncia do ministro da Defesa, Gonzalo Méndez.
Morales, que toma posse neste domingo, disse que a investigação será "profunda" e que qualquer evidência de delito será "drasticamente punida". A Embaixada dos EUA em La Paz disse que não comentaria o caso.
Rodríguez disse ter sido informado por oficiais do Exército de que os mísseis eram obsoletos e de que foram destruídos por recomendação das Nações Unidas e da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Mas críticos da decisão questionaram a obsolescência dos equipamentos. Os 28 mísseis correspondiam a todo o poderio antiaéreo boliviano.
"Isso não pode ficar assim. Os autores materiais e intelectuais dessa decisão, sejam civis, sejam militares, devem ser julgados", afirmou Morales. "Não podemos desarmar as Forças Armadas. Queremos Forças Armadas que nos defendam."
A ABI, agência de notícias estatal boliviana, afirmou que o presidente interino, Eduardo Rodríguez, questionou formalmente a Embaixada dos EUA em La Paz sobre seu papel no caso.
Também está sendo apurada a responsabilidade do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Marco Antonio Vásquez, e de outros dois generais bolivianos. "Não foram seguidos determinados procedimentos, e não se constatou a existência de uma ordem explícita e escrita que autorizasse [a destruição]", afirmou Rodríguez, com base em um informe militar.
O informe indica ainda que os mísseis foram retirados irregularmente do país por uma missão militar americana.
"É necessário examinar com cuidado e transparência a atuação de determinados funcionários [dos EUA] que participaram desse procedimento a fim de preservar nossas boas relações", afirmou o presidente interino.
Antezana argumentou diversas vezes que os equipamentos estavam ultrapassados e acusou os EUA de forçarem sua entrega para limitar a ação do governo socialista de Morales. Em seu lugar, assumiu interinamente o general Orlando Paniagua, cuja permanência será decidida por Morales.


Com agências internacionais

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