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Tendência será de reforço ao protecionismo
DE NOVA YORK
Pelo quarto mês consecutivo, as exportações norte-americanas para o mundo
caíram em novembro: 5,7%,
para US$ 142,8 bilhões. Foi o
pior resultado em 14 meses,
reflexo de uma demanda global menor.
Já a corrente de comércio
(exportações e importações)
com o resto do planeta despencou 18% entre julho e novembro.
O democrata Barack Obama assume a Presidência dos
EUA amanhã com maioria
na Câmara e no Senado, onde as decisões comerciais
americanas são discutidas.
Historicamente, os democratas sempre foram vistos
como mais protecionistas do
que os liberais republicanos.
No governo George W.
Bush, porém, grande parte
dos acordos para liberalizar o
comércio envolveram apenas tratados bilaterais com
economias periféricas e sem
relevância maior sobre o volume de comércio norte-americano.
A tentativa de criar a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas), por exemplo, que
envolveria todos os países da
região, com exceção de Cuba,
fracassou ainda no primeiro
mandato do republicano.
Com as exportações em
queda e o desemprego em alta nos EUA, o mundo e os
países emergentes como o
Brasil não devem esperar benevolência dos americanos
nas questões comerciais.
"O novo presidente terá de
enfrentar maiores pressões
políticas a favor do protecionismo do que qualquer outro
chefe do Executivo desde
1930", escreveu em artigo na
semana passada Christopher
Padilla, subsecretário de Comércio dos EUA do governo
Bush, sobre o clima do empresariado americano.
"Como Obama responderá
a essas pressões definirá o
curso da economia global e a
identidade econômica dos
EUA para a próxima geração", acrescentou.
Segundo Aluisio de Lima-Campos, professor-adjunto
da American University e
presidente do Brazilian International Trade Scholars
Institute (ABCI), a principal
fonte de influência da política comercial americana é o
setor privado, que coloca
suas posições por meio de
uma estrutura "extremamente eficiente".
Neste momento, esse mesmo setor privado tem tendência a pressionar simultaneamente por mais espaço
nas exportações e por obstáculos contra a concorrência
dos importados.
A queda na corrente de comércio não afeta só os Estados Unidos, mas todos os
países com volume comercial relevante, o que tende a
exacerbar o protecionismo
em várias economias.
No Japão, altamente dependente das vendas externas, as exportações caíram
27% em novembro. Na Alemanha, 12% sobre novembro
de 2007, o maior recuo na
década.
(FCZ)
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