São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

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Tendência será de reforço ao protecionismo

DE NOVA YORK

Pelo quarto mês consecutivo, as exportações norte-americanas para o mundo caíram em novembro: 5,7%, para US$ 142,8 bilhões. Foi o pior resultado em 14 meses, reflexo de uma demanda global menor.
Já a corrente de comércio (exportações e importações) com o resto do planeta despencou 18% entre julho e novembro.
O democrata Barack Obama assume a Presidência dos EUA amanhã com maioria na Câmara e no Senado, onde as decisões comerciais americanas são discutidas.
Historicamente, os democratas sempre foram vistos como mais protecionistas do que os liberais republicanos.
No governo George W. Bush, porém, grande parte dos acordos para liberalizar o comércio envolveram apenas tratados bilaterais com economias periféricas e sem relevância maior sobre o volume de comércio norte-americano.
A tentativa de criar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), por exemplo, que envolveria todos os países da região, com exceção de Cuba, fracassou ainda no primeiro mandato do republicano.
Com as exportações em queda e o desemprego em alta nos EUA, o mundo e os países emergentes como o Brasil não devem esperar benevolência dos americanos nas questões comerciais.
"O novo presidente terá de enfrentar maiores pressões políticas a favor do protecionismo do que qualquer outro chefe do Executivo desde 1930", escreveu em artigo na semana passada Christopher Padilla, subsecretário de Comércio dos EUA do governo Bush, sobre o clima do empresariado americano.
"Como Obama responderá a essas pressões definirá o curso da economia global e a identidade econômica dos EUA para a próxima geração", acrescentou.
Segundo Aluisio de Lima-Campos, professor-adjunto da American University e presidente do Brazilian International Trade Scholars Institute (ABCI), a principal fonte de influência da política comercial americana é o setor privado, que coloca suas posições por meio de uma estrutura "extremamente eficiente".
Neste momento, esse mesmo setor privado tem tendência a pressionar simultaneamente por mais espaço nas exportações e por obstáculos contra a concorrência dos importados.
A queda na corrente de comércio não afeta só os Estados Unidos, mas todos os países com volume comercial relevante, o que tende a exacerbar o protecionismo em várias economias.
No Japão, altamente dependente das vendas externas, as exportações caíram 27% em novembro. Na Alemanha, 12% sobre novembro de 2007, o maior recuo na década. (FCZ)


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