São Paulo, terça-feira, 19 de janeiro de 2010

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Militantes invadem sede de sigla derrotada

DO ENVIADO A SANTIAGO

Enquanto Piñera viveu um dia de cumprimentos ontem -inclusive da presidente Michelle Bachelet, que o visitou em casa-, a Concertação passava faturas internas. O processo começou na noite de domingo, quando um grupo de jovens militantes invadiu a sede da Democracia Cristã (DC), sigla do derrotado Eduardo Frei.
Os militantes se trancaram no interior do prédio e cobravam um mea-culpa público do presidente do partido centrista, o deputado Juan Carlos Latorre, a quem culpam -entre outros chefes da coalizão- pela divisão da esquerda em três candidaturas no primeiro turno. "Como está, a Concertação não pode continuar", disse à Folha Hector Garate, 33, presidente da juventude DC.
Diante da derrota, a aliança terá de decidir entre se manter como a combinação de democracia cristã e social-democracia, incorporando setores excluídos, ou se dividir entre esquerda e centro.
Para o sociólogo Eugenio Tironi, militante da aliança, a coalizão manterá a receita básica DC-Partido Socialista, mas terá que se abrir à sociedade civil -tese que ecoou por toda a cúpula da aliança. "O problema da Concertação é sua extrema dependência do Estado."
"Os dirigentes da Concertação são, basicamente, funcionários públicos, e agora a aliança vai ter que incorporar outros profissionais", concorda o analista Carlos Huneeus.
Para o analista Raúl Sohr, ao defender um governo de "unidade nacional", Piñera quebra a base da unidade da Concertação: o inimigo comum representado pela direita pinochetista. "A falta de inimigo comum é um fato desagregador. E essa rebeldia dos jovens aporta a essa divisão: acreditam que parte da Concertação não foi fiel a seu ideal progressista."


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