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BÁLCÃS
Primeira testemunha em Haia acusa o ex-ditador
Milosevic encerra defesa e se diz "vencedor moral" de seu julgamento
MARCELO STAROBINAS
DE LONDRES
O ex-ditador iugoslavo Slobodan Milosevic, 60, se disse ontem
"vencedor moral" do julgamento
em que é acusado de crimes de
guerra e genocídio numa corte internacional em Haia (Holanda).
Após falar durante um total de
dez horas em dois dias e meio, ele
encerrou a apresentação de sua
defesa, dando à Promotoria a
oportunidade de ouvir a primeira
testemunha do caso.
"A verdade está do meu lado. É
por isso que me sinto superior
aqui, o vencedor moral", declarou
Milosevic, cuja estratégia tem sido
negar a legalidade e a competência do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia. "O público vai se manifestar. Ele é o júri.
Este tribunal não tem um júri."
A seu ver, ele é vítima de um julgamento politicamente motivado. Diz que os líderes da Otan
(aliança militar ocidental) são os
responsáveis pelas guerras e atrocidades nos Bálcãs nos anos 90.
Ontem, por exemplo, apresentou um vídeo segundo o qual, ao
reconhecer precocemente a independência de países como Croácia e Eslovênia, o Ocidente (principalmente a Alemanha) provocou o colapso da Iugoslávia, o que
detonou os conflitos armados.
A primeira pessoa a depor contra Milosevic foi Mahmut Bakalli,
político albanês de Kosovo que,
em maio de 1998, se encontrou
com o então líder sérvio por duas
vezes em negociações para diminuir as hostilidades entre as tropas da Sérvia e a população de etnia albanesa da Província.
O diálogo fracassou e, segundo
Bakalli, Belgrado já tinha naquela
época planos para destruir vilarejos e deportar a maior parte da
população kosovar.
Sustentando a mesma tese apresentada pela promotora Carla de
Ponte, a testemunha acusou as
autoridades sérvias de praticarem
perseguição e intimidação contra
os albaneses, antes de lançarem
um ampla campanha contra eles.
Milosevic é acusado por crimes
de guerra e genocídio por sua
atuação durante as guerras de Kosovo (1999), Croácia (1991-95) e
Bósnia (1992-95).
A Promotoria lidará primeiro
com testemunhas relativas ao
ocorrido em Kosovo, onde cerca
de 800 mil albaneses foram expulsos de suas casas e milhares morreram.
Com agências internacionais
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