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EUA
Grupo de 60 pesquisadores, 20 deles ganhadores do Nobel, afirma que governo distorce conhecimento com fins políticos
Cientistas acusam Bush de manipulação
DO "NEW YORK TIMES"
Um grupo de 60 influentes cientistas americanos, entre eles 20
ganhadores do Prêmio Nobel,
acusou ontem o presidente George W. Bush de distorcer deliberada e sistematicamente fatos científicos em proveito de seus objetivos políticos em ambiente, saúde,
pesquisa biomédica e armamentos nucleares, tanto nos EUA
quanto no exterior.
Essas acusações, constantes de
um documento divulgado ontem,
foram relatadas em detalhes durante entrevista com alguns dos
cientistas signatários.
O documento e a entrevista foram organizados pela Union of
Concerned Scientists (união dos
cientistas responsáveis), entidade
independente que aborda questões técnicas por ângulos muitas
vezes opostos aos do governo. Na
entrevista foi distribuído um outro texto, com o resumo das questões que são objeto de queixas.
Os dois textos afirmam que o
governo reiteradamente censura
ou suprime relatórios redigidos
por cientistas que trabalham nas
agências oficiais, nomeia para comitês de assessoramento pessoas
pouco qualificadas, mas que tenham apadrinhamento político,
dissolve grupos de trabalho para
evitar opiniões contrárias e não
aceita, em alguns casos, nomear
especialistas independentes.
"Outros governos também enveredaram por essas práticas, mas
não de uma forma tão sistemática
e em campos tão diferentes", disse um dos cientistas. A seu ver, o
governo Bush "sub-representou a
comunidade científica e enganou
o público sobre as implicações de
suas políticas".
O porta-voz da Casa Branca,
Scott McClellan, disse ontem não
ter lido os textos. "Mas posso assegurar que este governo toma
decisões com base na melhor
ciência disponível", disse ele.
Kurt Gottfried, físico emérito da
Universidade Cornell e um dos
signatários do texto, disse que o
governo "se lançou em práticas
que contrariam o espírito da ciência e os métodos científicos".
Isso, afirma ele, "poderá pôr em
risco as bases da prosperidade nacional a longo prazo e sua força
nos campos da saúde e militar".
Os cientistas negam que tenham agido por motivação eleitoral, ao divulgarem o documento
no momento em que o democrata
John Kerry surge como o virtual
adversário do republicano Bush
nas eleições de novembro.
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