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ELEIÇÃO NOS EUA
Principal presidenciável democrata até a ascensão de Kerry anuncia desistência, mas não apóia ninguém
Ex-favorito, Dean abandona campanha
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Howard Dean, 54, tido como favorito até o início do ano à indicação do Partido Democrata para as
eleições presidenciais de novembro, anunciou ontem a retirada de
sua pré-candidatura.
Na prática, restaram agora dois
nomes na corrida democrata: o
do favorito John Kerry, 60, senador por Massachusetts, e de John
Edwards, 50, senador pela Carolina do Norte.
Edwards ganhou novo fôlego
anteontem ao obter um vigoroso
segundo lugar na primária de
Wisconsin, com 34% dos votos,
contra 40% do líder Kerry -que
acumulou 15 vitórias nas 17 prévias disputadas até agora.
Em terceiro, com 18%, Dean
cumpriu uma titubeante promessa, feita há uma semana, de entregar os pontos caso não chegasse
em primeiro em Wisconsin.
"Hoje a minha candidatura chega ao fim, mas nossa campanha
por mudança não está terminada", disse Dean em discurso em
Burlington, Vermont, Estado que
governou. "Vamos concluir as
mudanças que começamos no
Partido Democrata."
Como esperado, Dean não
anunciou apoio a nenhuma candidatura, mas foi imediatamente
cortejado por Kerry.
"Dean fez um trabalho extraordinário ao revigorar um grupo inteiro de pessoas que estava divorciado do processo político. É impossível não expressar admiração
e respeito pela campanha que ele
conduziu", disse Kerry.
Ironicamente, Kerry se tornou,
após a dupla vitória nas prévias
iniciais de Iowa e New Hampshire, o principal herdeiro do "trabalho de formiga" iniciado por
Dean há mais de um ano e que
culminou com uma mobilização
geral do eleitorado democrata.
Desde 2003, Dean montou uma
estrutura nacional de campanha e
revolucionou a arrecadação de
fundos via internet, fechando o
ano com mais de US$ 45 milhões
em caixa e como líder absoluto
em pesquisas de intenção de voto.
Após o fracasso inicial na arrancada da corrida democrata, o nome de Kerry acabou atraindo o
voto útil de boa parte do eleitorado que acredita hoje na possibilidade de uma vitória contra George W. Bush em novembro.
Dean ficou para trás e terminou
de forma melancólica, sem ganhar em nenhum Estado.
Homenageada por Kerry, a desistência de Dean foi, ao contrário, festejada por Edwards. "Finalmente, chegou o momento
que esperávamos: estar em uma
corrida frente a frente com John
Kerry", afirmou.
No mínimo, Edwards manterá
sua campanha até 2 de março,
quando dez Estados realizam prévias, na chamada "superterça".
Mesmo que seu desempenho fique aquém do imaginado na "superterça", Edwards poderá tentar
esticar sua campanha até o dia 9
de março, quando haverá primárias em quatro Estados do sul dos
EUA, onde ele julga ter mais força.
A única vitória de Edwards até
aqui se deu na Carolina do Sul,
seu Estado natal. Os outros bons
resultados foram o segundo lugar
em cinco Estados, mas o senador
ficou em quarto em outros sete.
Apesar dos resultados de anteontem, muitos analistas julgam
que as chances de Edwards continuam reduzidas.
Uma avaliação mais detida dos
resultados em Wisconsin, por
exemplo, mostra que Edwards foi
beneficiado em boa medida por
votos de membros do Partido Republicano, de Bush, e por eleitores
"independentes", autorizados a
votar na primária democrata.
Cerca de 10% dos votantes em
Wisconsin eram republicanos.
Destes, 40% votaram em Edwards, e menos de 25%, em Kerry.
Pesquisa CNN/"USA Today"
mostra que tanto Kerry quanto
Edwards, ambos sob forte atenção da mídia, poderiam derrotar
Bush com vantagem de cerca de
dez pontos se a eleição fosse hoje.
O presidente, no entanto, praticamente não iniciou ainda sua
campanha pela reeleição.
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