São Paulo, domingo, 19 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRAGÉDIA
Segundo a polícia, vítimas, que pertenciam à seita religiosa Dez Mandamentos de Deus, podem chegar a 235
Ao menos 200 se suicidam em Uganda

das agências internacionais

Pelo menos 200 membros de uma seita religiosa de Uganda que acreditavam que o mundo iria acabar no ano 2000 se mataram ateando fogo aos próprios corpos, segundo a polícia daquele país africano.
As autoridades afirmaram que os mortos podem chegar a 235, no que pode ter sido o segundo maior suicídio em massa já registrado. Investigadores afirmaram ter dificuldade em contar os corpos por estarem muito queimados, dificultando a identificação.
Seguidores da seita Dez Mandamentos de Deus se reuniram em uma igreja em Kanungu, a 320 km a sudoeste da capital Campala, na última sexta-feira, afirmou a polícia.
Os fiéis se imolaram depois de ter passado horas cantando. "Antes desse episódio, o líder do grupo havia dito para seus seguidores que vendessem seus bens e se preparassem para ir para o céu", afirmou um porta-voz da polícia.
"Havia famílias lá dentro, crianças pequenas", afirmou o policial Jonathan Turyareeda.
Outra versão apresentada para as mortes, também por fontes da polícia, é a de que o líder da seita teria feito com que seus seguidores entrassem na igreja e, depois, ateado fogo ao prédio.
Se o número de vítimas for confirmado, o suicídio ritual só terá menores proporções que o acontecido em 1978, na Guiana, sob as ordens do reverendo norte-americano Jim Jones, que levou 914 de seus seguidores à morte por meio da ingestão de um suco de frutas envenenado. Os membros da seita que se recusaram a beber o preparado foram mortos a tiros.
O reverendo havia deixado uma inscrição sobre seu altar em Jonestown que dizia: "Aqueles que esquecem o passado estão condenados a repeti-lo".
Apesar de as práticas tradicionais animistas e de vodu ainda permanecerem arraigadas principalmente nas regiões afastadas dos centros urbanos, recentemente tem-se registrado a aparição de cultos messiânicos em Uganda.
Em setembro de 99, a polícia invadiu acampamento da seita suicida Igreja da Última Mensagem de Advertência Mundial, com mil membros, acusados de sequestrar crianças e de abusar sexualmente de menores.
A seita praticava o culto ao juízo final, dirigido por um suposto profeta, que havia anunciado publicamente que o fim do mundo seria em 99.
Em novembro, a polícia de Uganda dispersou uma reunião ilegal de outra seita, formada por adeptos da jovem Nabassa Gwajwa, 19. Ela afirmava que havia morrido em 96, mas que Deus a enviara novamente à Terra para levar o seu povo ao arrependimento antes do ano 2000.


Texto Anterior: Saiba quem é o escritor Amos Oz
Próximo Texto: Justiça: Argentina leva ex-ditadores a julgamento
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.