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REINO UNIDO
Mesmo com rebelião de colegas de partido, premiê consegue permissão para usar "todos os meios necessários" contra o Iraque
Parlamento dá aval a Blair para ataque
DA REDAÇÃO
Após mais de dez horas de debate na Câmara dos Comuns, os
parlamentares britânicos deram
ao premiê, o trabalhista Tony
Blair, aval para atacar o Iraque.
Por 396 votos a 217, o Parlamento recusou a moção de trabalhistas rebeldes que dizia não haver
ainda razão para declarar guerra a
Saddam Hussein. Segundo estimativa do jornal "The Guardian",
cerca de 140 dos 413 correligionários do premiê votaram contra a
ofensiva -número superior ao
da última votação, quando 122
trabalhistas haviam se rebelado.
Em seguida, por 412 a 149, os
britânicos aprovaram a moção do
governo que pedia autorização
para usar "todos os meios necessários" para desarmar o Iraque.
A discussão sobre a guerra começou na Câmara dos Comuns
no início da tarde (hora local),
quando o premiê pediu aos parlamentares apoio à participação do
Reino Unido no ataque ao Iraque.
"É uma decisão difícil, mas também extrema: chamar de volta as
tropas britânicas agora ou manter
com firmeza o curso de traçamos.
Acredito que devemos continuar
nesse curso", afirmou Blair no início de sua fala, de 45 minutos.
O trabalhista Blair acusou Saddam de não ter posto fim a suas
armas de destruição em massa e
disse que a necessidade de tirá-lo
do poder motiva a ida do Reino
Unido à guerra com "a consciência tranquila e o coração aberto".
Ao apresentar seus argumentos,
o premiê abriu espaço para ouvir
seus colegas, como o trabalhista
Tam Dalyell, que disse que as
bombas jogadas sobre o Iraque
serviriam para recrutar uma nova
geração de extremistas islâmicos.
O premiê atacou a oposição de
França, Rússia e Alemanha ao
confronto, definindo como
"equivocada e profundamente
perigosa" a política externa desses
países. "Há medo do unilateralismo dos EUA. Sei disso. Mas o caminho para lidar com isso não é a
rivalidade, mas a parceria."
Blair defendeu que, se ao final
do conflito Saddam for deposto,
deve ser levada às Nações Unidas
nova resolução que garanta o estabelecimento de um governo
próprio no Iraque. E os recursos
obtidos do comércio do petróleo
iraquiano devem ser destinados
"a um fundo para o povo do Iraque, administrado pela ONU".
Acredita-se que esses últimos
pontos tenham influenciado a decisão da ministra Clare Short (Desenvolvimento Internacional),
que ameaçava deixar seu posto.
Apesar de ter mantido Short, o
premiê perdeu mais dois membros do governo, de segundo escalão. John Denham, do Ministério do Interior, e o lorde Phillip
Hunt, do Ministério da Saúde, renunciaram. Anteontem, Robin
Cook, líder dos trabalhistas no
Parlamento, fizera o mesmo.
O apoio à guerra entre os britânicos cresceu de 29% para 38%,
segundo pesquisa do instituto
ICM divulgada ontem. O índice
de opositores ainda é maior: 44%.
Com agências internacionais
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