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São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2003

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REINO UNIDO

Mesmo com rebelião de colegas de partido, premiê consegue permissão para usar "todos os meios necessários" contra o Iraque

Parlamento dá aval a Blair para ataque

DA REDAÇÃO

Após mais de dez horas de debate na Câmara dos Comuns, os parlamentares britânicos deram ao premiê, o trabalhista Tony Blair, aval para atacar o Iraque.
Por 396 votos a 217, o Parlamento recusou a moção de trabalhistas rebeldes que dizia não haver ainda razão para declarar guerra a Saddam Hussein. Segundo estimativa do jornal "The Guardian", cerca de 140 dos 413 correligionários do premiê votaram contra a ofensiva -número superior ao da última votação, quando 122 trabalhistas haviam se rebelado.
Em seguida, por 412 a 149, os britânicos aprovaram a moção do governo que pedia autorização para usar "todos os meios necessários" para desarmar o Iraque.
A discussão sobre a guerra começou na Câmara dos Comuns no início da tarde (hora local), quando o premiê pediu aos parlamentares apoio à participação do Reino Unido no ataque ao Iraque.
"É uma decisão difícil, mas também extrema: chamar de volta as tropas britânicas agora ou manter com firmeza o curso de traçamos. Acredito que devemos continuar nesse curso", afirmou Blair no início de sua fala, de 45 minutos.
O trabalhista Blair acusou Saddam de não ter posto fim a suas armas de destruição em massa e disse que a necessidade de tirá-lo do poder motiva a ida do Reino Unido à guerra com "a consciência tranquila e o coração aberto".
Ao apresentar seus argumentos, o premiê abriu espaço para ouvir seus colegas, como o trabalhista Tam Dalyell, que disse que as bombas jogadas sobre o Iraque serviriam para recrutar uma nova geração de extremistas islâmicos.
O premiê atacou a oposição de França, Rússia e Alemanha ao confronto, definindo como "equivocada e profundamente perigosa" a política externa desses países. "Há medo do unilateralismo dos EUA. Sei disso. Mas o caminho para lidar com isso não é a rivalidade, mas a parceria."
Blair defendeu que, se ao final do conflito Saddam for deposto, deve ser levada às Nações Unidas nova resolução que garanta o estabelecimento de um governo próprio no Iraque. E os recursos obtidos do comércio do petróleo iraquiano devem ser destinados "a um fundo para o povo do Iraque, administrado pela ONU".
Acredita-se que esses últimos pontos tenham influenciado a decisão da ministra Clare Short (Desenvolvimento Internacional), que ameaçava deixar seu posto.
Apesar de ter mantido Short, o premiê perdeu mais dois membros do governo, de segundo escalão. John Denham, do Ministério do Interior, e o lorde Phillip Hunt, do Ministério da Saúde, renunciaram. Anteontem, Robin Cook, líder dos trabalhistas no Parlamento, fizera o mesmo.
O apoio à guerra entre os britânicos cresceu de 29% para 38%, segundo pesquisa do instituto ICM divulgada ontem. O índice de opositores ainda é maior: 44%.


Com agências internacionais


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