São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em clima ruim, Brasil interveio para haver decisão

DA ENVIADA A WASHINGTON

As reuniões da OEA são abertas à imprensa. Desta vez, porém, o plenário só se reuniu assim três vezes, cada uma por cerca de dez minutos. Todas as discussões acaloradas foram escondidas num outro salão, um andar abaixo no prédio de arquitetura clássica, em área nobre de Washington.
Os demais chanceleres chegaram à OEA otimistas, sob a expectativa até de retomada das relações diplomáticas entre os dois países. Mas os chanceleres Fernando Araújo (Colômbia) e Maria Isabel Salvador (Equador) mal se cumprimentaram. Chegaram e saíram com posições fechadas.
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, que tinha marcado voltar ao Brasil no mesmo dia, teve de adiar o vôo e por fim foi obrigado a pernoitar na capital norte-americana.
Já passavam das 22h30, quando ele interveio: "Não podemos sair daqui sem nada". Propôs uma alternativa: ou os dois países chegavam a um acordo sobre a resolução final, ou acionavam o "Plano B": adiavam tudo e limitavam os resultados a três itens secos.
Seriam: 1) acatar o relatório da comissão da OEA sobre o bombardeio; 2) ratificar o acordo do Grupo do Rio; 3) criar instância da OEA para estabelecer formas e níveis de diálogo e de convivência entre Colômbia e Equador. Ou seja: empurrar com a barriga.
Sua intervenção foi considerada decisiva e teve apoio dos EUA, da Argentina, da Venezuela e de todo o Caribe. Como resumir tudo aos três itens deixaria o fracasso mais evidente, Colômbia e Equador aceitaram retomar as discussões e fechar uma resolução. Formaram comissão em separado, em outra sala, e enfim aprovaram o texto.
Àquela altura, já estava definido o verbo a ser usado sobre o bombardeio colombiano. O Equador queria "condenar", o rascunho da OEA previa "declarar [a ação] uma clara violação da Carta da OEA" e, no final, saiu "rechaçar".
O Equador foi considerado o grande vitorioso, porque conseguiu pela terceira vez um pedido de desculpas da Colômbia, tida como a perdedora. (EC)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: "Senti Chávez com muito sangue doce", diz Garcia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.