São Paulo, sábado, 19 de março de 2011

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Japão eleva gravidade de acidente nuclear

Número oficial de mortos por tremor e tsunami é de quase 7.000; catástrofe natural já é a maior da história do país

Classificação equipara Fukushima 1 ao pior acidente em usina dos EUA; governo admite reação lenta à tragédia

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

No dia em que a tripla tragédia -terremoto, tsunami e vazamento radioativo- que atingiu o Japão completou uma semana, a agência nuclear japonesa elevou oficialmente a gravidade do acidente de 4 para 5, numa escala internacional que vai até 7.
O desastre de 11 de março já é a maior catástrofe natural do Japão. Seu número oficial de mortes chegou ontem a 6.911, ultrapassando o total de mortos no terremoto de Kobe em 1995 (6.434). Há, ainda, 10.692 desaparecidos.
Na Escala Internacional de Eventos Nucleares, o nível 4 refere-se a acidentes "com consequências de alcance local". O 5 define aqueles "com consequências de maior alcance" e maior liberação de material radioativo. No grau 7, há amplos efeitos na saúde humana e no ambiente.
A elevação equipara o acidente na usina de Fukushima 1 ao pior da história dos EUA, quando houve derretimento parcial do núcleo do reator de Three Mile Island, em 1979. Tchernobil, que matou 50 na ex-URSS em 1986, atingiu o nível 7 na escala.
Apesar da mudança na classificação, o governo japonês não aumentou a área de onde os moradores têm de ser retirados -ela continuou sendo um raio de 20 quilômetros em torno dos reatores.
A reclassificação ocorreu dois dias depois de o chefe da comissão nuclear dos EUA, Gregory Jaczko, dizer ter informações de que faltava água no reservatório de um reator, o que tornava a radiação "muito alta". A Tepco, que gere a usina, negou.
Fukushima 1 tem seis reatores. Desde sábado, dia seguinte ao tsunami, quatro deles apresentaram problemas que incluíram explosões de hidrogênio, incêndios e, conforme se suspeita, derretimento parcial do núcleo.
Ontem, seguiram as tentativas de resfriar os reatores com o auxílio de sete caminhões de bombeiro que arremessavam água do mar. Enquanto isso, engenheiros continuavam tentando religar a energia elétrica para que o sistema original de resfriamento volte a funcionar.
Segundo a Tepco, a linha de transmissão externa já foi conectada à usina e os engenheiros tentarão religar o sistema, começando pelo reator 2, neste final de semana.

RESPOSTA LENTA
Pela primeira vez, o governo do Japão reconheceu não ter respondido à tragédia com a rapidez adequada. Segundo seu porta-voz, Yukio Edano, os planos de contingência feitos pelo governo não conseguiram antecipar as dimensões do desastre.
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU, o japonês Yukiya Amano, reuniu-se ontem com o premiê Naoto Kan e se queixou de não ter recebido do Japão informações adequadas sobre o acidente.
Segundo Amano, a comunidade internacional precisa de informações corretas e rápidas. Ele voltou a chamar o acidente de "muito sério" e disse que as autoridades "correm contra o relógio".
Kan prometeu prover a AIEA do "máximo de informações" e classificou a catástrofe como "um grande teste para o povo do Japão".


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