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OPOSIÇÃO
"Presidente é um político oportunista'
CHRISTOPHER WILSON
da "Reuters"
O presidente zimbabuano,
Robert Mugabe, está tentando iniciar uma guerra racial
numa jogada desesperada
para desviar a atenção da
crise econômica antes das
eleições de maio ou junho (a
data ainda não foi marcada),
segundo o líder do principal
partido oposicionista do
país.
Morgan Tsvangirai, líder
do Movimento por Mudanças Democráticas, disse que
Mugabe havia classificado
os fazendeiros brancos como "traidores" para obter o
apoio da população negra
para a ocupação de terras
sem o pagamento de indenizações.
"Alvejando fazendeiros
brancos e promovendo a
questão racial, ele espera que
o país inteiro o apóie nesse
caminho perigoso", disse
Tsvangirai.
"Felizmente, o Zimbábue
inteiro não vê isso como
uma questão racial. Os zimbabuanos vêem isso como
um oportunismo político da
parte de Mugabe, tentando
levantar a questão da terra
perto das eleições", disse.
"Ele teve 20 anos para resolver esse assunto, então as
pessoas compreenderam
sua estratégia."
Mugabe, 76, disse ontem,
no 20º aniversário da independência do país, que os fazendeiros brancos se comportam como "inimigos do
Zimbábue". Ele se recusou a
exigir a retirada de veteranos
de guerra negros que ocupam ao menos 500 fazendas
pertencentes a brancos.
Nos últimos dias, dois fazendeiros brancos e dois
membros do Movimento
por Mudanças Democráticas, incluindo o motorista de
Tsvangirai, foram mortos.
"Eu creio que a responsabilidade da situação atual é
inteiramente do presidente
Mugabe", disse Tsvangirai.
"Algumas delas (das pessoas
assassinadas) são muito
próximas a mim, sejam negras ou brancas. Não é uma
questão de raça. Não é uma
guerra racial."
Em fevereiro, o partido de
Tsvangirai impôs a maior
humilhação da Presidência
de Mugabe, ajudando a oposição a rejeitar um referendo
para uma nova Constituição
que aumentaria ainda mais
o poder do presidente e o autorizaria a tomar posse das
fazendas de brancos.
Críticos de Mugabe afirmam que ele entregou parte
das melhores terras zimbabuanas a partidários políticos, ao mesmo tempo em
que governa uma economia
marcada pela corrupção.
Como resultado, há salários
baixos, inflação crescente e
cortes de combustível, o que
irrita a população.
Em recente pesquisa, 65%
dos zimbabuanos disseram
querer uma mudança no governo.
"Após o referendo, ele
(Mugabe) elogiou a comunidade branca por sua participação", afirma Tsvangirai,
cujo partido inclui vários fazendeiros brancos.
"Dois meses depois, ele os
descreve como traidores.
Onde está a base para essa
acusação? Tínhamos muita
esperança, em 1980. Agora,
creio que podemos ter eleições. Mas é questionável se
elas vão ser livres e justas."
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