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CRISE
Derrotado na eleição e abandonado por aliados, D'Alema teme não obter voto de confiança no Parlamento
Premiê italiano pode renunciar hoje
das agências internacionais
Derrotado nas eleições regionais do último domingo e abandonado por seus correligionários,
o primeiro-ministro italiano,
Massimo D'Alema, deve apresentar hoje sua renúncia, de caráter
irrevogável, ao Parlamento.
Segundo analistas, D'Alema
prefere abandonar seu posto a dar
a chance à oposição de centro-direita, liderada por Silvio Berlusconi, de impedir que ele consiga o
voto de confiança que precisa para se manter no poder.
A vitória da coalizão de centro-direita nas eleições de domingo,
em 8 das 15 regiões disputadas,
provocou uma crise de legitimidade dentro de seu governo.
Além disso, a centro-esquerda
perdeu nas Regiões de Ligúria e
Lácio, dando à centro-direita o
controle de todo o norte do país e
da Região da capital, Roma -as
zonas mais populosas, influentes
e ricas da Itália.
Líderes oposicionistas, incluindo Berlusconi, já pediram sua renúncia e a antecipação das eleições, marcadas para abril de 2001.
"O problema é que o povo perdeu a confiança em mim", teria
dito D'Alema a seu Gabinete, anteontem, segundo políticos de sua
coalizão que preferiram manter o
anonimato.
O jornal "Corriere della Sera"
publicou uma charge, em sua edição de ontem, na qual o premiê
aparece escalando com dificuldade uma montanha, com uma cédula gigante sobre os ombros, na
qual se vê uma cruz.
A queda de D'Alema foi rápida.
Poucos dias antes do pleito de domingo, ele previu a vitória da centro-esquerda e não parecia ter razões para temer a perda de seu
cargo, apesar de haver vinculado
suas chances de ser o líder de sua
coalizão, nas eleições legislativas,
aos resultados do pleito regional.
Porém, poucas horas após a
derrota eleitoral, muitos de seus
aliados começaram a abandoná-lo. "Depois de 16 de abril, D'Alema não existe mais", afirmou ontem Clemente Mastella, cacique
da coalizão de centro esquerda.
Diante desse quadro, D'Alema,
o primeiro ex-comunista a se tornar premiê italiano, que sonhou
poder transformar a Itália em um
"país normal", com governo estável, decidiu jogar a toalha.
Quatro meses atrás, ele havia renunciado em razão de problemas
dentro de sua coalizão, mas reassumiu pouco depois com um novo Gabinete e uma maioria enfraquecida. Agora D'Alema sabe que
não conseguirá o apoio necessário para se manter no poder.
Com sua coalizão, que reúne ex-comunistas, neocomunistas, Verdes e centristas (incluindo ex-democrata-cristãos), totalmente desestabilizada, o premiê teria dito a
seus ministros, segundo a imprensa italiana, que, "para o bem
da centro-esquerda", deixaria a
cena política.
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