São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2000


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CRISE
Derrotado na eleição e abandonado por aliados, D'Alema teme não obter voto de confiança no Parlamento
Premiê italiano pode renunciar hoje

das agências internacionais

Derrotado nas eleições regionais do último domingo e abandonado por seus correligionários, o primeiro-ministro italiano, Massimo D'Alema, deve apresentar hoje sua renúncia, de caráter irrevogável, ao Parlamento.
Segundo analistas, D'Alema prefere abandonar seu posto a dar a chance à oposição de centro-direita, liderada por Silvio Berlusconi, de impedir que ele consiga o voto de confiança que precisa para se manter no poder.
A vitória da coalizão de centro-direita nas eleições de domingo, em 8 das 15 regiões disputadas, provocou uma crise de legitimidade dentro de seu governo.
Além disso, a centro-esquerda perdeu nas Regiões de Ligúria e Lácio, dando à centro-direita o controle de todo o norte do país e da Região da capital, Roma -as zonas mais populosas, influentes e ricas da Itália.
Líderes oposicionistas, incluindo Berlusconi, já pediram sua renúncia e a antecipação das eleições, marcadas para abril de 2001.
"O problema é que o povo perdeu a confiança em mim", teria dito D'Alema a seu Gabinete, anteontem, segundo políticos de sua coalizão que preferiram manter o anonimato.
O jornal "Corriere della Sera" publicou uma charge, em sua edição de ontem, na qual o premiê aparece escalando com dificuldade uma montanha, com uma cédula gigante sobre os ombros, na qual se vê uma cruz.
A queda de D'Alema foi rápida. Poucos dias antes do pleito de domingo, ele previu a vitória da centro-esquerda e não parecia ter razões para temer a perda de seu cargo, apesar de haver vinculado suas chances de ser o líder de sua coalizão, nas eleições legislativas, aos resultados do pleito regional.
Porém, poucas horas após a derrota eleitoral, muitos de seus aliados começaram a abandoná-lo. "Depois de 16 de abril, D'Alema não existe mais", afirmou ontem Clemente Mastella, cacique da coalizão de centro esquerda.
Diante desse quadro, D'Alema, o primeiro ex-comunista a se tornar premiê italiano, que sonhou poder transformar a Itália em um "país normal", com governo estável, decidiu jogar a toalha.
Quatro meses atrás, ele havia renunciado em razão de problemas dentro de sua coalizão, mas reassumiu pouco depois com um novo Gabinete e uma maioria enfraquecida. Agora D'Alema sabe que não conseguirá o apoio necessário para se manter no poder.
Com sua coalizão, que reúne ex-comunistas, neocomunistas, Verdes e centristas (incluindo ex-democrata-cristãos), totalmente desestabilizada, o premiê teria dito a seus ministros, segundo a imprensa italiana, que, "para o bem da centro-esquerda", deixaria a cena política.


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