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Bush nega apoio a golpe e vê lição para presidente
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Depois de passar uma semana
em silêncio, o presidente George
W. Bush finalmente se manifestou em relação à postura do país
no golpe na Venezuela. "Minha
administração deixou muito claro
quando houve os conflitos nas
ruas que nós apoiávamos a democracia e recusávamos qualquer
ação extraconstitucional", disse.
A reação do Departamento de
Estado no episódio vem sendo
duramente criticada. Num primeiro momento, a Chancelaria
condenou o presidente Hugo
Chávez pelos atos que teriam levado ao levante e não criticou a
quebra da legalidade. Além disso,
pelo menos um alto funcionário
conversou já na sexta-feira passada com o então presidente interino, o empresário Pedro Carmona.
Uma fonte do governo venezuelano disse ontem inclusive que o
adido militar dos EUA em Caracas estaria junto aos golpistas durante a preparação e execução do
golpe, em quartel da capital. A
Embaixada dos EUA em Caracas
não quis comentar a informação.
"É importante que o presidente
faça o que prometeu que faria",
disse Bush. "É importante que ele
abrace as instituições que são fundamentais para a democracia, como a liberdade de imprensa e de
expressão. Se existem lições a ser
aprendidas, que ele as aprenda."
Em outro momento, comentou
ironicamente: "Quando as coisas
esquentaram na Venezuela, ele
censurou a imprensa". Bush fez
suas declarações na Casa Branca
depois se reunir com o presidente
da Colômbia, Andrés Pastrana, o
que não deixou de ser um recado
para Chávez: a relação entre os
dois países foram afetadas por
conta da simpatia expressa pelo
venezuelano pela guerrilha colombiana. Pastrana chegou a
apoiar o golpe. "Não há dúvida do
apoio e da promoção da democracia na região por parte do presidente Bush", elogiou Pastrana.
Não é absolutamente a posição
de diversos líderes latino-americanos, que criticaram o fato de os
EUA não terem condenado pública e firmemente a tentativa de golpe. Os EUA dizem que sua primeira reação foi motivada por informações falsas de que Chávez
teria aceitado renunciar.
Tom conciliatório
Já o subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental, Otto
Reich, principal homem do governo para a América Latina, negou relato de que tenha conversado diretamente com Pedro Carmona no dia do golpe.
Segundo Reich, o que houve foi
um telefonema de instruções para
o embaixador do país em Caracas,
Charles Shapiro, que então falou
com o presidente interino.
O tom do polêmico membro do
Departamento de Estado era mais
conciliatório do que o habitual.
"Se o presidente Chávez está sendo sincero agora, e eu não tenho
razões para duvidar disso, ele vai
encontrar um governo americano
muito mais disposto a colaborar",
afirmou Reich, um cubano-americano defensor de políticas duras
contra o regime de Fidel Castro,
aliado de Chávez.
Reflexo das tensões Washington-Caracas, os EUA já pediram
para pessoal não essencial de sua
embaixada que deixe a cidade, temendo protestos. Ontem, a polícia foi chamada ao local para examinar uma maleta suspeita. Foi
um alarme falso, mas mostrou a tensão entre os dois países.
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