São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 2002

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EUROPA

Italiano responde ao colega francês, para quem a França pode ter "crise à italiana" se Chirac vencer eleição

Para Berlusconi, Jospin "se faz de palhaço"

ALCINO LEITE NETO
DE PARIS

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi (centro-direita), afirmou ontem que "alguém está se fazendo de palhaço na França" ao comparar a situação política deste país com a da Itália. Ele aludia ao primeiro-ministro Lionel Jospin e a outros socialistas, que propagaram em comícios e entrevistas recentes que a França pode sofrer uma "crise à italiana", caso o presidente Jacques Chirac seja reeleito no país.
A Itália vive uma grave crise política e social com o adensamento da oposição ao governo Berlusconi. Na última terça-feira, a maior greve dos últimos 20 anos no país paralisou 2 milhões de trabalhadores em protesto contra uma lei, proposta pelo governo, que facilita a demissão de funcionários pelo setor privado.
"Amo a França e continuo a amá-la, ainda que alguém, ignorando a realidade das coisas italianas, esteja se fazendo de palhaço", disse Berlusconi. "Na França não sou popular com seus colegas [jornalistas", mas, entre a população, sou popularíssimo, basta contar as namoradas que tive lá", completou o primeiro-ministro, com ironia.
Chirac (centro-direita) e Jospin (centro-esquerda) são os principais candidatos na França para as eleições presidenciais, cujo primeiro turno acontece no domingo. Pesquisa do jornal "Libération" a ser divulgada hoje mostra que o primeiro tem 20% das intenções de voto, enquanto o segundo alcança 18%.
Os socialistas, que assistiram ao seu candidato despencar nas pesquisas nas últimas semanas, apegaram-se ao contra-exemplo italiano depois do sucesso obtido com ele junto às suas audiências eleitorais.
Sem citar Berlusconi, Jospin declarou: "Eu não quero que o ocorre na Itália aconteça no meu próprio país". Para ele, se Chirac for eleito presidente, a França também não "chegará a 2007 sem crise". O primeiro-ministro lembrou as greves enfrentadas por Chirac no início de seu mandato, em 1995, e as manifestações estudantis de 1986.
O secretário do Partido Socialista fez eco às afirmações de Jospin, dizendo que, na Itália, está havendo uma "antecipação" do que pode ocorrer na França, "se os eleitores não fizerem a escolha útil no momento certo".

Reação
As reações do grupo chiraquiano não tardaram. "Tais propósitos não são dignos de um primeiro-ministro em exercício", disse o deputado Philippe Douste-Blazy. Em comunicado à imprensa, o diretor de campanha de Chirac, Antoine Rufenach, enumerou as greves que atingiram o governo Jospin no ano passado: "De médicos, enfermeiros, professores e mesmo -fato inédito na história da república- de policiais. Belo balanço social".


Com agências internacionais


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