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EUROPA
Italiano responde ao colega francês, para quem a França pode ter "crise à italiana" se Chirac vencer eleição
Para Berlusconi, Jospin "se faz de palhaço"
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
O primeiro-ministro italiano,
Silvio Berlusconi (centro-direita),
afirmou ontem que "alguém está
se fazendo de palhaço na França"
ao comparar a situação política
deste país com a da Itália. Ele aludia ao primeiro-ministro Lionel
Jospin e a outros socialistas, que
propagaram em comícios e entrevistas recentes que a França pode
sofrer uma "crise à italiana", caso
o presidente Jacques Chirac seja
reeleito no país.
A Itália vive uma grave crise política e social com o adensamento
da oposição ao governo Berlusconi. Na última terça-feira, a maior
greve dos últimos 20 anos no país
paralisou 2 milhões de trabalhadores em protesto contra uma lei,
proposta pelo governo, que facilita a demissão de funcionários pelo setor privado.
"Amo a França e continuo a
amá-la, ainda que alguém, ignorando a realidade das coisas italianas, esteja se fazendo de palhaço",
disse Berlusconi. "Na França não
sou popular com seus colegas
[jornalistas", mas, entre a população, sou popularíssimo, basta
contar as namoradas que tive lá",
completou o primeiro-ministro,
com ironia.
Chirac (centro-direita) e Jospin
(centro-esquerda) são os principais candidatos na França para as
eleições presidenciais, cujo primeiro turno acontece no domingo. Pesquisa do jornal "Libération" a ser divulgada hoje mostra
que o primeiro tem 20% das intenções de voto, enquanto o segundo alcança 18%.
Os socialistas, que assistiram ao
seu candidato despencar nas pesquisas nas últimas semanas, apegaram-se ao contra-exemplo italiano depois do sucesso obtido
com ele junto às suas audiências
eleitorais.
Sem citar Berlusconi, Jospin declarou: "Eu não quero que o ocorre na Itália aconteça no meu próprio país". Para ele, se Chirac for
eleito presidente, a França também não "chegará a 2007 sem crise". O primeiro-ministro lembrou as greves enfrentadas por
Chirac no início de seu mandato,
em 1995, e as manifestações estudantis de 1986.
O secretário do Partido Socialista fez eco às afirmações de Jospin,
dizendo que, na Itália, está havendo uma "antecipação" do que pode ocorrer na França, "se os eleitores não fizerem a escolha útil no
momento certo".
Reação
As reações do grupo chiraquiano não tardaram. "Tais propósitos não são dignos de um primeiro-ministro em exercício", disse o
deputado Philippe Douste-Blazy.
Em comunicado à imprensa, o diretor de campanha de Chirac, Antoine Rufenach, enumerou as greves que atingiram o governo Jospin no ano passado: "De médicos,
enfermeiros, professores e mesmo -fato inédito na história da
república- de policiais. Belo balanço social".
Com agências internacionais
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