|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Tentava cruzar olhares, e ele abaixava a cabeça"
Ex-colega de escola diz à Folha que, embora na mesma faculdade de Cho, nunca o viu lá
Segundo Jummy Olabanji, sul-coreano era tímido, mas problemas não eram óbvios; "ele não tinha amigos,
não era o tipo popular"
DO ENVIADO A BLACKSBURG
Alguns alunos estão chamando o lugar de "amaldiçoado",
outros de "ovo da serpente". O
fato é que a escola pública de
segundo grau Westfield, na cidade de Chantilly, na Virgínia, a
40 minutos de Washington,
não esperava entrar no noticiário de novo. Pelo menos, não
pelo mesmo motivos. Em maio
do ano passado, Michael Kennedy, um aluno seu, entrou
num posto policial, matou dois
guardas e foi morto.
Na segunda, outro ex-aluno
protagonizaria o que as autoridades chamam de maior massacre a tiros da história dos
EUA. Com seu ato, Cho Seung-hui levaria à morte outras duas
ex-alunas de Westfield, Reema
Samaha e Emily Hilscher. Com
o segundo grau concluído com
alguns anos de diferença, os
três se encontrariam de novo
no Virginia Tech, ainda não se
sabe exatamente em quais circunstâncias.
Quem procura entender o
que aconteceu é Jummy Olabanji, 24 anos. Ela também estudou em Westfield. Nos mesmos anos de Cho. Conheceu
Reema e Emily. E se formou no
Virginia Tech.
"Quando ouvi o que aconteceu, não acreditei que era o
mesmo Cho", disse ela à Folha
na tarde de ontem. "Eu nem sabia que ele estudava no Virginia Tech!".
FOLHA - Como você soube que o
acusado de ser o atirador era o mesmo menino com quem você freqüentou aulas em Westfield?
JUMMY OLABANJI - Reconheci as
fotos e o nome. Nós completamos o segundo grau no mesmo
ano, e ambos viemos para Virginia Tech. Para você ter uma
idéia de como ele era isolado,
nos quatro anos em que estive
aqui, não o vi nenhuma vez.
FOLHA - O que você pode dizer sobre ele?
OLABANJI - Na escola, era um
dos quietões, não falava com
ninguém, não tinha amigos,
não era o tipo popular, seja qual
for o seu critério de "popular".
Algo chamava a minha atenção:
nos corredores, eu tentava cruzar olhares com ele, Cho abaixava a cabeça. Até que, por fim,
você pára de tentar buscar o
olhar dele...
FOLHA - Mas você percebia se havia algum problema com ele?
OLABANJI - Não, de jeito nenhum.
FOLHA - Duas das vítimas também
estudaram no mesmo colégio. Você
as conhecia?
OLABANJI - Sim, eram mais novas. É tão triste. Uma delas era
a irmã mais nova de minha
amiga...
FOLHA - Há rumores persistentes
no campus de que uma das duas seria ex-namorada dele ou ao menos
uma paixão platônica.
OLABANJI - Não posso dizer nada sobre isso.
FOLHA - Na manhã de ontem, a polícia do campus divulgou que Cho
chegou a ser levado a um instituto
psiquiátrico e depois liberado. Qual
sua opinião?
OLABANJI - Eu acho que, considerando as circunstâncias, eles
fizeram a coisa certa ao levá-lo
a um hospital psiquiátrico.
Quanto a soltá-lo, você nunca
sabe do que alguém será capaz...
Texto Anterior: Antecedentes de Cho exigiam atenção contínua Próximo Texto: EUA: Suprema Corte avaliza lei que restringe direito ao aborto Índice
|