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IRAQUE OCUPADO
Declaração foi feita por enviado americano para o setor petrolífero iraquiano
Iraque pode deixar Opep, dizem EUA
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
O Iraque pode deixar a Opep
(Organização dos Países Exportadores de Petróleo), indicou em
Bagdá o enviado americano para
o setor petrolífero do país.
Sua declaração ocorre num final
de semana marcado tanto por
atritos entre a administração
americana e grupos iraquianos
quanto por sinais de que problemas externos estão a caminho.
Em entrevista ao jornal "The
Washington Post", Philip J. Carroll, ex-presidente da Shell americana, disse que, a partir de agora,
os iraquianos podem querer estabelecer suas próprias cotas de
produção de petróleo -o que
significa ignorar o motivo básico
da existência do cartel dos maiores exportadores mundiais.
"Historicamente, o Iraque tem
tido uma participação irregular
no sistema de cotas da Opep. De
tempos em tempos, eles têm optado por seu próprio caminho. Podem escolher fazer isso de novo. É
uma questão nacional importante", disse Carroll, presidente da
comissão que tem aconselhado os
iraquianos sobre petróleo.
A saída do Iraque, dono da segunda maior reserva de petróleo
do mundo, seria um duro golpe à
política de preços controlados
praticada pela Opep -que, aliás,
foi criada em Bagdá, em 1960.
Além disso, Carroll tocou num
ponto que poderá ser outro motivo de atrito internacional para os
EUA: a quebra dos antigos contratos iraquianos com França,
Rússia e China, fornecedores de
serviços e maquinário para a exploração do petróleo no país.
"Certamente, nas partes em que
os contratos são excessivamente
benéficos para uma parte, e essa
parte não é a população iraquiana, e houver base legal para não
continuar, espero que o ministério queira pensar de novo."
Antes de que tais conflitos se
concretizem, porém, os enviados
dos EUA têm pela frente o desafio
de acalmar grupos iraquianos
descontentes com o processo de
transferência de poder.
Ontem, o administrador americano no Iraque, L. Paul Bremer,
tentou apagar o incêndio causado
por reportagem do jornal "The
New York Times". Segundo o diário, ele teria dito a líderes iraquianos que decidira adiar indefinidamente a formação do governo interino, prevista para o final do
mês. Políticos da antiga oposição
iraquiana, disse o "Times", saíram da reunião irritados.
"Eu vi uma reportagem na imprensa americana sobre um adiamento. Não sei se de onde vêm essas histórias porque não adiamos
nada", afirmou Bremer durante
visita à cidade de Mossul, terceira
maior cidade do Iraque. "Estamos
nos movendo rapidamente para a
fase de transição", disse.
Em sua primeira viagem ao norte do país, Bremer participou de
reunião na qual foi formado o que
é considerado o primeiro conselho eleito no Iraque no pós-guerra
-definido pelo americano como
"grande exemplo de democracia
embrionária".
Com 32 membros, o conselho
foi eleito por 230 membros representativos das principais famílias
e grupos étnicos da cidade.
Em Massachusetts, o diretor da
Agência Internacional de Energia
Atômica, Mohamed El Baradei,
reclamou de novo por não poder
voltar a procurar armas no Iraque. "Estou ficando frustrado por
não ter resposta", disse ele, que já
enviou pedido a Washington. Os
EUA têm reservado a tarefa a seus
inspetores.
Mortes
Três soldados americanos foram mortos e quatro ficaram feridos em três incidentes separados
neste fim de semana, na região do
golfo Pérsico, segundo informou
o Comando Central dos EUA.
Um militar morreu e três ficaram feridos em explosão causada
por munições não detonadas em
Bagdá no sábado.
Ontem um soldado foi morto
por um disparo "não hostil" no
Kuait. Um marine morreu e outro
ficou ferido em acidente de caminhão no sul do Iraque.
Com agências internacionais
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