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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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Eleito diz ter chegado à Presidência com uma "nova visão de país", mas que não tomará medidas traumáticas

Apoio a Kirchner é de 72%, diz pesquisa

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

O presidente eleito da Argentina, Néstor Kirchner, poderá contar com o apoio da população nos seus primeiros meses de governo, segundo pesquisa da consultoria OPSM, publicada ontem no jornal "Página/12". O levantamento mostra que 71,8% dos argentinos têm uma boa imagem de Kirchner e acreditam que o presidente é sincero ao dizer que pretende enfrentar o poder econômico para defender o país. Para 49% dos entrevistados, Kirchner, que assume dia 25, terá êxito na empreitada.
Em entrevista ao "Página/12", o presidente eleito disse que o cancelamento do segundo turno já foi uma vitória de grupos econômicos que estavam interessados em enfraquecer o seu governo. "Eles temiam nossa vitória com mais de 70%", disse. As pesquisas de intenção de voto apontavam vantagem esmagadora sobre o ex-presidente Carlos Menem, que renunciou à disputa na quarta-feira.
Kirchner voltou a afirmar que a ele "não interessa ser presidente de qualquer maneira", mas que estará disposto a negociar. "Quem ganhou muito numa etapa terá de ser solidário agora e participar da reconstrução do país", afirmou.
O ex-governador de Santa Cruz disse ainda que chegou à Presidência com uma nova visão de país, mas que para implementar seus projetos não fará mudanças bruscas. "Não temos que tomar medidas traumáticas. Um governo não é um pacote de medidas. Vamos governar de forma gradual e permanente", disse.
Ele voltou a dizer que pretende reforçar as relações com o Mercosul "sem brigas mesquinhas de liderança" e que, agora, o mais importante é trabalhar para a criação do Parlamento do Mercosul. "As questões comerciais levam mais tempo, mas podemos caminhar para a integração política."
Os nomes que irão formar o gabinete de governo devem ser anunciados entre amanhã e quarta-feira. Alguns ministérios poderão ser fundidos e outros extintos. Também não se descarta a possibilidade de convites a membros de outros partidos.
"Não há partido político que tenha todos os quadros necessários para a formação de um governo. Fazer as escolhas dentro do próprio partido é pouco generoso. E isso não significa renunciar a uma idéia. Ao contrário. Esse funcionário que vem do outro partido vai ter a oportunidade de demonstrar na prática quais são as suas idéias. Essa cultura política não existe na Argentina, mas terá que ser praticada um dia", disse.



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