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Eleito diz ter chegado à Presidência com uma "nova visão de país", mas que não tomará medidas traumáticas
Apoio a Kirchner é de 72%, diz pesquisa
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
O presidente eleito da Argentina, Néstor Kirchner, poderá contar com o apoio da população nos
seus primeiros meses de governo,
segundo pesquisa da consultoria
OPSM, publicada ontem no jornal "Página/12". O levantamento
mostra que 71,8% dos argentinos
têm uma boa imagem de Kirchner e acreditam que o presidente é
sincero ao dizer que pretende enfrentar o poder econômico para
defender o país. Para 49% dos entrevistados, Kirchner, que assume
dia 25, terá êxito na empreitada.
Em entrevista ao "Página/12", o
presidente eleito disse que o cancelamento do segundo turno já foi
uma vitória de grupos econômicos que estavam interessados em
enfraquecer o seu governo. "Eles
temiam nossa vitória com mais de
70%", disse. As pesquisas de intenção de voto apontavam vantagem esmagadora sobre o ex-presidente Carlos Menem, que renunciou à disputa na quarta-feira.
Kirchner voltou a afirmar que a
ele "não interessa ser presidente
de qualquer maneira", mas que
estará disposto a negociar.
"Quem ganhou muito numa etapa terá de ser solidário agora e
participar da reconstrução do
país", afirmou.
O ex-governador de Santa Cruz
disse ainda que chegou à Presidência com uma nova visão de
país, mas que para implementar
seus projetos não fará mudanças
bruscas. "Não temos que tomar
medidas traumáticas. Um governo não é um pacote de medidas.
Vamos governar de forma gradual e permanente", disse.
Ele voltou a dizer que pretende
reforçar as relações com o Mercosul "sem brigas mesquinhas de liderança" e que, agora, o mais importante é trabalhar para a criação do Parlamento do Mercosul.
"As questões comerciais levam
mais tempo, mas podemos caminhar para a integração política."
Os nomes que irão formar o gabinete de governo devem ser
anunciados entre amanhã e quarta-feira. Alguns ministérios poderão ser fundidos e outros extintos.
Também não se descarta a possibilidade de convites a membros
de outros partidos.
"Não há partido político que tenha todos os quadros necessários
para a formação de um governo.
Fazer as escolhas dentro do próprio partido é pouco generoso. E
isso não significa renunciar a uma
idéia. Ao contrário. Esse funcionário que vem do outro partido
vai ter a oportunidade de demonstrar na prática quais são as
suas idéias. Essa cultura política
não existe na Argentina, mas terá
que ser praticada um dia", disse.
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