São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 2011

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Imprensa francesa revê seu hábito de guardar segredos

DO "NEW YORK TIMES", EM PARIS

Quando François Mitterrand foi indagado por um jornalista, enquanto era presidente da França, se tinha uma filha fora do casamento, disse: "É verdade. E daí? Isso não é da alçada pública."
Os franceses têm sido cúmplices em aceitar o hábito de guardar segredos.
A prisão do diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, veio contestar o pressuposto de que as vidas particulares dos ricos, famosos e poderosos fogem à alçada do escrutínio público.
"Nós nos sentíamos superiores aos americanos e britânicos por defendermos a proteção da vida privada", diz o comentarista político francês Pierre Haski. "Mas nós, jornalistas, não temos feito nosso trabalho a contento. Nem tudo o que é privado é de fato privado", afirma
As leis francesas de difamação e calúnia protegem a vida particular a tal ponto que a menor divulgação pela imprensa leva a medidas legais e multas pesadas.
O medo que tem a imprensa francesa de sofrer represálias dos poderosos inibe a prática do jornalismo investigativo em estilo americano.
Rumores sobre o comportamento de Strauss-Kahn circulam na França há anos.
"É nosso dever nos impedirmos de difundir rumores", escreveu no diário "Le Monde" Christophe Deloire, coautor de "Sexus Politicus", livro investigativo sobre as vidas pessoais de políticos.
"Não fizemos nosso trabalho corretamente com relação a Strauss-Kahn. Mas tenho medo que este escândalo possa nos levar à prática do jornalismo de fofocas sexuais, algo que eu odiaria", afirma Haski.


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