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Putin nega ação combinada com China
LUIS MATIAS LOPEZ
DO "EL PAÍS", EM MOSCOU
A Rússia não planeja realizar
nenhuma ação com a China para
responder à eventual construção
do escudo antimísseis americano,
que ambos os países consideram
uma ameaça para a paz mundial,
de acordo com o que afirmou ontem, em Moscou, o presidente
Vladimir Putin.
Essa resposta comum é teoricamente possível, ressaltou Putin,
porém ela não faz parte de seus
planos. Ele disse que a Rússia é capaz de responder sozinha a qualquer mudança que afete a estabilidade estratégica internacional.
Rússia e China assinaram, na
segunda-feira, um pacto de amizade e de cooperação, o primeiro
em mais de duas décadas.
Putin, às vésperas de viajar a Gênova, na Itália, onde assistirá à cúpula do G-8 (grupo dos sete países
mais industrializados mais a Rússia), mostrou ter amplo conhecimento das questões estratégicas
atuais durante a entrevista coletiva ocorrida no Kremlin, sua primeira sem a presença de outros líderes desde que assumiu a Presidência, há 18 meses.
Diante de cerca de 600 jornalistas, mostrou-se tranquilo e relaxado, dando mostras esporádicas
de bom humor. Ele falou até de
seus três cachorros e permitiu que
a entrevista durasse 30 minutos
além do tempo previsto, que era
de uma hora.
Putin afirmou que está bastante
preocupado com os planos de
ampliação da Otan (aliança militar ocidental) até as fronteiras da
Rússia. Disse que a unidade da
Europa não poderá ser alcançada
sem um espaço único de segurança e de defesa e que, para tanto, só
há três possibilidades: a dissolução da Otan, a entrada da Rússia
na aliança ou a criação de uma
nova organização continental da
qual a Rússia faça parte.
Por outro lado, Putin elogiou o
presidente dos EUA, George W.
Bush. "Não sei se ele [Bush" gostará de meu comentário ou não,
mas creio que ele seja uma pessoa
sincera... Ele também me pareceu
um pouco sentimental", afirmou.
"Na minha opinião, isso também é um bom sinal, embora ele
tenha se mostrado bastante firme
ao defender suas posições", acrescentou. Em junho, Bush e Putin
encontraram-se na Eslovênia.
Porém o presidente da Rússia
voltou a defender a manutenção
do Tratado Antimísseis Balísticos
(assinado pelos EUA e pela URSS
em 1972) e deixou claro que o
considera a pedra angular da nova ordem mundial no que se refere à segurança.
Para Washington, o TAB é uma
relíquia da Guerra Fria, que impede que os EUA se protejam de novas ameaças estratégicas. Essas
ameaças viriam de "Estados irresponsáveis", como o Iraque e o Irã.
Entre os principais aliados europeus dos EUA, o Reino Unido
já demonstrou apoiar o plano de
construção do sistema de defesa
antimísseis, enquanto a Alemanha e a França, céticas em relação
à tecnologia necessária para que o
projeto seja levado adiante e preocupadas com uma possível corrida armamentista, esperam por
detalhes sobre o plano para tomar
uma posição definitiva.
Com agências internacionais
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