São Paulo, quinta-feira, 19 de julho de 2001

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Putin nega ação combinada com China

LUIS MATIAS LOPEZ
DO "EL PAÍS", EM MOSCOU

A Rússia não planeja realizar nenhuma ação com a China para responder à eventual construção do escudo antimísseis americano, que ambos os países consideram uma ameaça para a paz mundial, de acordo com o que afirmou ontem, em Moscou, o presidente Vladimir Putin.
Essa resposta comum é teoricamente possível, ressaltou Putin, porém ela não faz parte de seus planos. Ele disse que a Rússia é capaz de responder sozinha a qualquer mudança que afete a estabilidade estratégica internacional.
Rússia e China assinaram, na segunda-feira, um pacto de amizade e de cooperação, o primeiro em mais de duas décadas.
Putin, às vésperas de viajar a Gênova, na Itália, onde assistirá à cúpula do G-8 (grupo dos sete países mais industrializados mais a Rússia), mostrou ter amplo conhecimento das questões estratégicas atuais durante a entrevista coletiva ocorrida no Kremlin, sua primeira sem a presença de outros líderes desde que assumiu a Presidência, há 18 meses.
Diante de cerca de 600 jornalistas, mostrou-se tranquilo e relaxado, dando mostras esporádicas de bom humor. Ele falou até de seus três cachorros e permitiu que a entrevista durasse 30 minutos além do tempo previsto, que era de uma hora.
Putin afirmou que está bastante preocupado com os planos de ampliação da Otan (aliança militar ocidental) até as fronteiras da Rússia. Disse que a unidade da Europa não poderá ser alcançada sem um espaço único de segurança e de defesa e que, para tanto, só há três possibilidades: a dissolução da Otan, a entrada da Rússia na aliança ou a criação de uma nova organização continental da qual a Rússia faça parte.
Por outro lado, Putin elogiou o presidente dos EUA, George W. Bush. "Não sei se ele [Bush" gostará de meu comentário ou não, mas creio que ele seja uma pessoa sincera... Ele também me pareceu um pouco sentimental", afirmou.
"Na minha opinião, isso também é um bom sinal, embora ele tenha se mostrado bastante firme ao defender suas posições", acrescentou. Em junho, Bush e Putin encontraram-se na Eslovênia.
Porém o presidente da Rússia voltou a defender a manutenção do Tratado Antimísseis Balísticos (assinado pelos EUA e pela URSS em 1972) e deixou claro que o considera a pedra angular da nova ordem mundial no que se refere à segurança.
Para Washington, o TAB é uma relíquia da Guerra Fria, que impede que os EUA se protejam de novas ameaças estratégicas. Essas ameaças viriam de "Estados irresponsáveis", como o Iraque e o Irã.
Entre os principais aliados europeus dos EUA, o Reino Unido já demonstrou apoiar o plano de construção do sistema de defesa antimísseis, enquanto a Alemanha e a França, céticas em relação à tecnologia necessária para que o projeto seja levado adiante e preocupadas com uma possível corrida armamentista, esperam por detalhes sobre o plano para tomar uma posição definitiva.


Com agências internacionais



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