São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Após atentados na Cisjordânia e em Tel Aviv, governo decide manter ocupação militar de cidades palestinas

Israel suspende planos de aliviar cerco

DA REDAÇÃO

Israel suspendeu ontem seus planos de aliviar a ocupação militar da Cisjordânia e retomar o diálogo com os palestinos. A decisão veio em resposta a dois novos ataques terroristas que deixaram ao menos 11 civis mortos entre terça e quarta-feira.
A última ação, com dois suicidas do Jihad Islâmico no centro de Tel Aviv, encerrou um período de quase um mês de relativa tranquilidade em território israelense.
O ministro da Defesa, Binyamin Ben Eliezer, anunciou ontem a mudança de planos de seu governo. "Israel se esforça o máximo que pode para melhorar as condições para a população palestina, mas o terror palestino continua a perpetuar o seu sofrimento", declarou o ministro.
O Exército reocupou 7 das 8 principais cidades da Cisjordânia em ofensiva iniciada em 19 de junho, lançada para impedir a entrada de extremistas suicidas no país após dois grandes atentados terem matado 26 pessoas em Jerusalém. Segundo a TV israelense, o Exército já se prepara para a possibilidade de permanecer nos territórios palestinos até 2003.
Israel e EUA exigem reformas institucionais na Autoridade Nacional Palestina (ANP) e o afastamento de seu presidente, Iasser Arafat, acusado de envolvimento com o terrorismo, como condição para promover negociações para a criação de um Estado palestino.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, anunciou ontem nomes de funcionários da ANP com quem o seu governo aceita dialogar: o ministro das Finanças, Salam Faiad, e o do Interior, Abdel Razzak al-Yahya.
"Esses são dois indivíduos que parecem não só tentar trabalhar por mudanças, como também parecem exercer autoridade", disse Powell. Uma porta-voz da chancelaria israelense elogiou a declaração, dizendo que ambos parecem agir com moderação.
Um político próximo a Arafat, Nabil Abu Rdainah, também gostou do tom do discurso. Segundo ele, como esses dois ministros foram apontados diretamente por Arafat, os EUA estaria assim aceitando "negociar indiretamente com o presidente [Arafat"".
Israel ressaltou que, embora esteja satisfeito com o surgimento de elementos moderados na ANP, as conversas continuam congeladas enquanto o terrorismo não estiver controlado. "Como você pode ter diálogo enquanto enterra os seus mortos?", indagou Raanan Gissin, porta-voz do premiê Ariel Sharon.
Num encontro em Washington com os chanceleres de três aliados árabes dos EUA -Egito, Jordânia e Arábia Saudita- Powell reafirmou a intenção de seu país de buscar uma solução política que leve à criação de um Estado palestino dentro de três anos.
Líderes árabes discordam em público das tentativas de EUA e Israel de isolar Arafat. "Iasser Arafat é, na nossa opinião, o único líder com autoridade para assinar um acordo com os israelenses e implementá-lo. Na atual situação, não pode haver substituto", afirmou Ahmed Maher, chanceler egípcio.


Com agências internacionais

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