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São Paulo, sábado, 19 de julho de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Com a escalada de baixas e gastos, Washington busca saída para obter reforço externo na reconstrução

EUA se dizem abertos a papel maior da ONU

Joseph Barrak/France Presse
Simpatizantes de Saddam celebram morte de soldado americano em Fallujah; baixas levam os EUA a repensar ocupação do Iraque


DA REDAÇÃO

Os EUA se declararam ontem abertos a aumentar o papel da ONU no Iraque caso isso estimule outros países a contribuir com recursos -militares ou financeiros- em uma operação que vem matando soldados do país quase diariamente e cujo custo mensal é avaliado em US$ 4 bilhões.
As baixas entre as tropas americanas chegaram a 148 desde o início da guerra, em 20 de março, superando as 147 da Guerra do Golfo (1991).
A França, a Alemanha, a Rússia e a Índia declararam que só contribuirão com a operação no Iraque se houver um novo mandado da ONU. Até agora, no entanto, a posição dos EUA tem sido de que a resolução 1483 do Conselho de Segurança (CS) da ONU -de maio, que criou a Autoridade Provisória da Coalizão (APC)- garante aos membros da coalizão o poder decisório sobre o Iraque.
Sem mencionar uma nova resolução, o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, declarou que há "abertura para a possibilidade de aumentar o papel da ONU no Iraque" e que os EUA a "estão negociando com outras nações".
No entanto, depois do fracasso em obter apoio internacional a uma resolução que endossasse a invasão do Iraque, o próprio Departamento de Estado considera pouco provável a possibilidade de propor uma nova resolução, segundo disse à Folha Gregg Sullivan, diretor-adjunto da divisão de diplomacia pública do departamento. "Nós provavelmente não vamos mais à ONU pedir nada, nenhum tipo de aprovação ou apoio sobre o Iraque, já que achamos que a resolução 1483 do Conselho de Segurança é um documento forte e nos dá sinal verde para a reconstrução", afirmou.
A resolução menciona um "papel vital" para a ONU na reconstrução, mas as únicas incumbências especificadas se referem à assistência humanitária. Além disso, fala apenas de um "trabalho intenso junto à APC" - o que dá espaço para uma negociação para aumentar as atribuições do organismo internacional sem a necessidade de uma nova resolução.
Ontem, a França e o México decidiram propor conjuntamente a modificação da resolução. "A melhor solução é dar à ONU a responsabilidade total pelas operações de reconstrução política, econômica e de segurança do Iraque", disse, em visita ao México, o chanceler francês, Dominique de Villepin. A França tem assento permanente e poder de veto no CS, e sua recusa em aprovar a invasão do Iraque foi um dos motivos do fracasso da proposta americana. O México é membro temporário do CS.

Fundo independente
Outro aspecto importante da resolução é reservar à APC a distribuição dos recursos do Fundo de Desenvolvimento para o Iraque, a ser alimentado com as receitas do petróleo e com ativos iraquianos congelados pelo mundo.
Segundo a Reuters, um relatório da União Européia condiciona contribuições para a reconstrução à melhora das condições de segurança no Iraque e à criação de um fundo independente para administrar os recursos do país.
Em um comunicado emitido ontem, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, declarou que "há necessidade urgente de estabelecer uma sequência clara e específica de ações que levem ao fim da ocupação militar" do Iraque.
Os EUA querem formar uma tropa internacional de 30 mil homens, coordenada pela Polônia, para substituir parte de seu contingente no país, hoje próximo a 150 mil soldados.


Colaborou Luciana Coelho

Com agências internacionais


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