São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2001

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REINO UNIDO

Vai para trono ou não vai?


A maior parte dos britânicos acha que Charles será um bom rei, mas 61% acham que a rainha não deve abdicar


DE LONDRES

As pesquisas mostram que a maioria dos britânicos acha que o príncipe Charles será um bom rei, opinião endossada pelo primeiro-ministro Tony Blair.
Porém, por enquanto, não há sinais de que o primogênito de Elizabeth 2ª chegará ao trono em breve.
"A saúde da rainha é excelente, e ninguém no Palácio de Buckingham fala na palavra "renúncia". Ela tem condições para seguir com seu trabalho atual por mais 20, 25 anos", afirma Dickie Arbiter, ex-secretário de imprensa da mãe de Charles.
Segundo Arbiter, o principal assunto discutido na família real agora são os preparativos para a celebração do jubileu de ouro.
O 50º aniversário de coroação de Elizabeth 2ª, 75, será comemorado em junho de 2002, mas, já em 1º de maio, a rainha iniciará uma peregrinação pelo Reino Unido, começando no sul da Inglaterra e subindo até a Escócia, passando pelo País de Gales.
No dia 4 de junho, a rainha comparecerá a uma cerimônia especial de Ação de Graças, na catedral de São Paulo, no centro de Londres.

Popularidade
Outro indício de que Charles não se tornará rei tão cedo está no desejo dos britânicos.
Apesar de 67% da população achar que ele será um bom governante, 61% acreditam que Elizabeth 2ª deva ficar no trono o máximo possível, sem abdicar para seu filho.
"Se a rainha tiver a mesma disposição de sua mãe, é até possível que Charles nunca seja coroado", opina Dickie Arbiter, citando Elizabeth, a rainha-mãe, que neste mês completou 101 anos e ainda comparece a compromissos sociais.
"É até possível que o próximo rei seja William", analisa o ex-secretário de imprensa.
Se tal cenário se concretizar, dizem analistas, será uma mudança naquilo que se esperava para a vida de Charles.
"Se houvesse uma escola para reis, o príncipe de Gales seria o primeiro aluno da turma", diz Richard Kay, especialista em família real do tablóide "Daily Mail".

Nascido para reinar
Nascido em novembro de 1948, Charles foi educado inicialmente na Cheam School, tradicional escola do sudeste inglês, onde o príncipe Philip, pai de Charles, tomou aulas.
Na adolescência, tornou-se o primeiro integrante da família real a estudar na Austrália. Charles foi para o país em 1966 e ficou um ano por lá.
Charles estudou antropologia, arqueologia e história na Universidade de Cambridge, onde se formou com honras em 1970.
O príncipe também teve uma longa passagem pelas Forças Armadas britânicas.
Em 1971, entrou para a escola da Força Aérea Real, onde aprendeu a pilotar jatos. Também teve passagem pela Marinha e pelo Exército e hoje sustenta os postos de oficial general nas três forças.
Atualmente, o príncipe participa de centenas de projetos sociais, sendo presidente ou patrono de cerca de 200 organizações.
A principal delas é a Prince's Trust, da qual é presidente e que arrecada doações para ajudar jovens de baixa renda.
Charles ainda defende publicamente causas ecológicas e se diz religioso.
"Charles tem o perfil para ser rei. Seria a pessoa certa para trazer modernidade à família real, sem deixar de lado os princípios tradicionais da monarquia", comenta Rodney Barker, professor da London School of Economics. (LEONARDO CRUZ)

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