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Grupo quer taxar circulação de capitais
DE PARIS
Todo dia, circulam pelos mercados financeiros cerca de US$ 1,5
bilhão. As somas correm rapidamente de um país a outro, numa
busca frenética por rendimentos.
Não se fixam em fronteiras, não se
interessam pela produção. Seu
único objetivo é especular.
Foi de olho nessa aberração que
a Attac montou sua plataforma de
luta, ao defender um imposto sobre o capital especulativo -proposta originalmente formulada
pelo economista norte-americano James Tobin, Prêmio Nobel de
Economia de 1972.
A Attac calcula que, mesmo que
a Taxa Tobin fosse cobrada num
patamar bem baixo, 0,05%, o imposto arrecadado atingiria cerca
de US$ 100 bilhões por ano. O dinheiro seria todo ele transferido
para organizações internacionais
e aplicado na redução das desigualdades sociais e na promoção
da saúde pública e da educação
nos países pobres.
A proposta, que já foi examinada tecnicamente por especialistas
em todos os seus desdobramentos, acabou se transformando numa plataforma da maioria dos
grupos antiglobalização, ao lado
de outras alternativas, como a interdição dos paraísos fiscais e a
anulação da dívida dos países do
Terceiro Mundo.
Agora, está também ganhando
adeptos dentro dos círculos institucionais, mesmo que eles não se
refiram ao seu nome de origem
nem à Attac. É o caso, por exemplo, do ministro da Saúde da
França, Bernard Kouchner, que
defendeu recentemente "a idéia
de uma taxa voluntária sobre os
movimentos de capital".
Segundo o jornal "Libération",
a Taxa Tobin também estará na
ordem do dia do próximo Conselho Ecofin, que reunirá os ministros da Economia da União Européia em Liège (Bélgica), em setembro. Por outro lado, uma
coordenação internacional já reuniu assinaturas de 686 parlamentares favoráveis ao imposto de todo o mundo.
A Attac, hoje, compreende uma
rede de associações com o mesmo
nome em mais de 20 países, incluindo o Brasil. Sua participação
foi decisiva para viabilizar o Fórum Social Mundial, de Porto
Alegre, realizado em janeiro último. O fórum foi a primeira reunião dos grupos antiglobalização
realizada com o objetivo de trocar
idéias, experiências e estratégias.
Outro fórum está previsto para o
ano que vem.
Nas eleições presidenciais de
2002 na França, a Attac não vai
apoiar nenhum candidato ou partido. "Nós vamos intervir na campanha eleitoral para desenvolver
aí nossas posições. Ficará a cargo
de cada candidato se posicionar
publicamente em relação a elas",
diz Bernard Cassen.
Sua posição fica mais nítida
quando indagado sobre as eleições brasileiras: "Eu não quero intervir nesse debate. Eu diria simplesmente, do exterior, que nós
desejamos que o futuro presidente brasileiro não seja um promotor da mundialização liberal e
que, por exemplo, se pronuncie
claramente contra a Alca e a favor
de nossas reivindicações".
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